No primeiro capítulo de Nada Será Como Antes, o biógrafo Julio Maria reconstitui a angustiante manhã do dia 19 de janeiro de 1982, a última da vida da cantora Elis Regina.
Depois de servir café aos filhos, às 7h30 da manhã, Elis se trancou no quarto de onde só saiu cerca de três horas depois, sem sinais vitais, nos braços do namorado Samuel MacDowell.
Elis, que se manteve longe das drogas por cerca de 35 anos, estava começando um “flerte fatal” com a cocaína. Após uma briga com o namorado, ela ingeriu quantidade grande de pó, diluído em bebida alcoólica, e teve uma parada cardíaca.
Porém, ainda que a pesquisa de Julio Maria esclareça com detalhes os eventos que provocaram sua morte, as mais de 400 páginas do livro tratam mesmo sobre a vida de um personagem fascinante.
O Amigo
Milton Nascimento, quando soube da morte da amiga Elis, entrou em estado de choque. Ele teria sido levado de carro para o litoral fluminense até encontrar uma praia deserta onde ficou um dia em silêncio.
Uma mulher de 1,54 metro com uma personalidade difícil e força vital contagiante. Uma artista que como nenhuma outra no país conseguiu equilibrar, com sucesso popular e de crítica as habilidades de cantora e intérprete.
Ainda que já esteja nas livrarias, o lançamento oficial da biografia é nesta terça-feira (17), dia em que Elis completaria 70 anos. O livro aparece para preencher um vazio de quase trinta anos desde que o contestado Furacão Elis de Regina Etcheverria foi lançado.
A pesquisa de Maria consegue ser muito mais profunda, confiável e rigorosa que o apressado texto anterior e mesmo que seja uma biografia autorizada pela família, não poupa o leitor de detalhes pouco gentis à reputação de Elis.
O Show
Falso Brilhante foi o nome do espetáculo que consagrou de maneira apoteótica a carreira de Elis Regina. Julio Maria estima que o show tenha sido apresentado 380 vezes para um público de 280 mil pessoas.
Do início da carreira, quando se tornou o arrimo da família pobre num programa infantil de calouros numa rádio de Porto Alegre, até a consagração absoluta no espetáculo Falso Brilhante, o livro esmiúça todas as fases da carreira da estrela como o tempo de provação no famoso Beco das Garrafas, a fase de alta popularidade na TV Record e a aparição bombástica de sua voz poderosa (e seus braços de hélice) para vencer com “Arrastão” o primeiro festival da canção em 1965.
A experiência de Julio Maria, há muitos anos repórter de música do jornal O Estado de S.Paulo, faz com que ele consiga descrever deliciosamente bastidores de shows e gravações históricas e falar sobre as qualidades musicais de Elis sem ser chato ou hermético
Livro
Julio Maria. Master Books,
424 pp., R$ 45.
Dois capítulos, por exemplo, narram a gravação conturbada do álbum Elis e Tom em 1975. O disco foi quase um golpe para cima do maestro que reagiu com enorme má vontade quando soube que os arranjos das canções seriam refeitos pelo teclado de Cesar Camargo Mariano, maestro e marido de Elis na época.
Tom foi mais um que se rendeu ao talento de Elis e a sua competitiva obstinação que lhe renderam uma certa fama de difícil – e até de mau-caráter – ainda que a personagem retratada seja uma Elis capaz de atos extremos de amor, generosidade e coragem.
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