Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes, foram condenados no começo da madrugada deste sábado (24) no caso da morte e desaparecimento de Eliza Samudio, ex-amante do jogador, em junho de 2010.
Macarrão foi condenado a 15 anos de prisão, sendo 12 deles em regime fechado, pelos crimes de homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado e absolvido pela ocultação de cadáver.
"[O homicídio] foi um crime torpe, com asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima", disse a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues ao ler a sentença. Macarrão chorou a ouvir sua condenação. Ele vai cumprir a pena na Penitenciária Nelson Hungria, onde já está preso.
No entanto, a juíza considerou como atenuante na pena de Macarrão o fato de ele ter confessado participação e assumido na quinta-feira, pela primeira vez nesse processo, a morte de Eliza. Ele pegou a pena mínima.
Já Fernanda foi condenada a cinco anos de prisão por cárcere privado de Eliza e de Bruninho, filho dela e do goleiro Bruno. Como a condenação foi menor do que seis anos, ela cumprirá pena em regime aberto.
Leonardo Diniz, advogado de Macarrão, disse que vai analisar a decisão para saber se vai recorrer. "A defesa vai analisar oportunamente na semana que vem se vai interpor recurso. Mas a defesa entende que foi uma vitória. A confissão partiu dele [Macarrão] e beneficiou a ele", disse Leonardo Diniz, advogado de Macarrão, reforçando a afirmação de que não houve um acordo com a Promotoria. "O promotor [Henry Wagner de Castro] sustentou a acusação".
A advogada da ex-namorada de Bruno, Carla Silene, comemorou a decisão, mas disse que vai recorrer. "A nossa grande vitória foi a Fernanda não ser pronunciada por homicídio. Mas nos vamos recorrer. Não queremos que a Fernanda tenha antecedentes criminais".
Em seu depoimento, Macarrão afirmou ter levado Eliza para um assassino, a mando de Bruno, mas que não viu o rosto do homem e que ficou fora da cena do crime.
Macarrão e Fernanda formam agora o grupo dos três envolvidos condenados no caso. O primeiro foi Jorge Luís Rosa, o então adolescente primo de Bruno que trouxe o caso a público. Ele cumpriu dois anos e dois meses de medida socioeducativa e está num programa de proteção a testemunhas, por estar ameaçado, segundo o Ministério Público.
Macarrão está preso há dois anos e quatro meses, tempo que será abatido de sua pena. Fernanda ficou quatro meses presa durante a fase de inquérito, tempo que também será abatido.
O próximo capítulo desse caso, iniciado em 4 de junho de 2010, quando Bruno e seus amigos levaram Eliza do Rio para Minas, onde desapareceu, já tem data marcada. Será em 4 de março de 2013.
Voltarão ao banco dos réus Bruno (acusado de planejar o assassinato), sua ex-mulher Dayanne Souza (acusada de sequestro e cárcere privado) e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, suposto executor.
Repercussão
A mãe de Eliza conversou com os jornalistas no final do julgamento e se disse aliviada com a decisão dos jurados. "Estou aliviada, mas esperava mais. A Justiça está começando a ser feita. Estou aliviada, mas não estou feliz. Estaria feliz se estivesse com a minha filha", afirmou Sônia Fátima de Moura.
O promotor Henry de Castro evitou comemorar a condenação de Macarrão e Fernanda. "Não há vitória porque uma pessoa morreu. Mas é uma forma de reparação. Infelizmente nem todos foram julgados. Esse foi um júri para constatar que Eliza está morta. O próximo passo é constatar quem a matou", disse ele.
A decisão dos sete jurados -seis mulheres e um homem- saiu após cinco dias de julgamento, que foi marcado por tumultos, troca de advogados e desmembramento de processos.
A expectativa agora é para saber como a decisão de hoje vai influenciar o julgamento de 4 de março.
O julgamento
O julgamento começou com um racha entre os advogados de defesa de Bola, acusado de ser o autor da morte de Eliza. Eles desistiram de defender seu cliente por discordar da meia hora dada pela juíza Marixa Rodrigues para as considerações preliminares -quando advogados indicam pontos que acham irregulares no processo.
Após a desistência de seus defensores, Bola, que não aceitou ser defendido por um defensor público, foi excluído do júri.
No segundo dia, a ex-mulher de Bruno, Dayanne, teve seu julgamento desmembrado, assim como Bola.
No início da sessão, o goleiro Bruno destituiu seu principal advogado. "Por estar me sentindo inseguro, estou desistindo do doutor Rui Pimenta", afirmou.
No começo do terceiro dia, os novos advogados de defesa de Bruno conseguiram adiar para março de 2013 o julgamento do atleta.
Os advogados do ex-goleiro usaram um dispositivo legal -chamado "substabelecimento sem reservas"- em que os defensores transferem os poderes de defender o réu.
A Promotoria manifestou-se contra, mas a magistrada disse não ter visto o pedido como manobra. Um dos advogados de Bruno admitiu mais tarde que a intenção foi ganhar tempo.
O quarto dia de julgamento foi o mais longo e terminou na madrugada de quinta-feira. Em seu depoimento, Macarrão disse que era inocente e que foi Bruno que ordenou a morte de Eliza.
Até então, o réu, acusado de participação no crime, nunca havia falado oficialmente sobre a morte da modelo.
O quinto dia e último dia foi marcado pelos debates da defesa e da acusação para tentar convencer os jurados da responsabilidade dos réus no crime.
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