Novas acusações de agressão
Uma outra ex-mulher do vereador, que prefere não se identificar, conta que ela e os filhos eram agredidos com murros enquanto esteve casada com Oliveira da Ambulância.
"Não era tapa de pai. Era murro mesmo. Até com pedaço de pau ele batia. Numa vez ele usou um cinturão. Ele é violento, muito violento", diz.
"A relação era terrivel. Ele (Oliveira) era muito bruto, queria bater nas crianças de 10, 11 anos e eu não deixava", conta.
A ex-mulher conta ainda que quando se separou do vereador ele a ameaçou de morte. "Eu tenho testemunha disso", conta.
"Até hoje meus filhos têm medo dele. Numa vez ele ameaçou jogar o carro em cima da própria filha. Ela com medo pulou em cima do capô de um carro. Ela ficou toda machucada e quebrou até um dente", relembra.
Sobre o caso envolvendo o enteado do vereador, a ex-mulher disse que ficou sabendo pelas vizinhas de Adinir que ela e o filho apanhavam.
"Ele ameaçou várias vezes amarrar os filhos na corrente. Mas eu não deixava. Ele dizia que ia pegar as crianças e colocar no lugar do cachorro que vivia amarrado na corrente e ia deixar sem comer. Mas isso ele nunca fez", concluiu.
Por telefone, Oliveira contestou as histórias da ex-mulher. Segundo o vereador, era a mulher quem agredia os filhos e todos eles seriam amigos dele atualmente.
Oliveira alegou perseguição da ex-mulher por ter se separado há oito anos. "Eu fui traído por sete anos. Ela chegou até a engravidar de um amante", disse. O vereador teria ainda um Boletim de Ocorrência (BO) contra a ex por tentativa de homicídio.
O apelido
O apelido de Oliveira da Ambulância, como é conhecido o vereador, veio antes mesmo do cargo político. Joaquim Gonçalves de Oliveira tinha uma ambulância e cobrava para fazer o transporte de pacientes para hospitais, por isso o apelido.
Oliveira foi eleito na última campanha com 4.302 votos, ironicamente pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS). Atualmente está filiado ao Partido da Mobilização Nacional (PMN).
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A ex-mulher do vereador de Colombo, Joaquim Gonçalves de Oliveira, conhecido como Oliveira da Ambulância, procurou isentar o parlamentar das acusações de espancar e acorrentar o enteado de 9 anos. Na manhã desta quinta-feira, a mãe da criança, Adinir de França, de 33 anos, em depoimento à juíza Mila Aparecida Alves da Luz, do fórum de Colombo, na região metropolitana de Curitiba, mudou a versão incialmente apresentada na polícia. O vereador ficou preso de 26 de janeiro a 1º de março, sob a acusação de maus-tratos à criança.
Adinir contou em juízo que o menino foi agredido por outras crianças na rua e que ela própria colocou a corrente no tornozelo do filho para que o menino não fugisse. Sobre as agressões, ela conta que, três dias antes, o filho roubou dela R$ 50 e que teria sido espancado por crianças na rua que queriam roubar o dinheiro.
No entanto, no dia em que a criança foi espancada, Adinir contou ao delegado Hamilton Cordeiro da Paz Júnior, da delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, que Oliveira teria chegado com o menino de carro e que a criança apresentava sinais de ter sido agredida com violência. No depoimento, que a reportagem teve acesso, Adinir diz que Oliveira pegou uma corrente do portão e colocou na criança com um cadeado e foi embora sem dar explicações.
Assim que o vereador saiu de casa, relata Adinir, o filho contou a ela que tinha sido espancado por Oliveira. Imediatamente, a mãe procurou o Conselho Tutelar de Piraquara, cidade onde mora. No depoimento prestado esta manhã, ela relata que foi a criança quem ligou para o Conselho e não ela. Em juízo, Adinir disse que tem pressão alta e, por isso, não lembra o que disse na delegacia.
Conselho Tutelar
A presidente do Conselho Tutelar de Piraquara, Maria Eliete Darienso, que prestou o primeiro atendimento ao menino, rechaçou as declarações de Adinir. Por telefone, Maria Eliete contou que foi a própria Adinir que ligou para o Conselho e disse a ela e para outras conselheiras, que teria sido o vereador quem havia espancado e acorrentado o menino.
Maria Eliete também prestou depoimento à juiza do fórum da cidade nesta quinta-feira. Ela reafirmou o que disse ao delegado em Colombo e detalhou como foi o atendimento ao menino. "Quando cheguei na casa da Adinir, vi o menino deitado na cama com o nariz sangrando e a corrente no pé. Imediatamente fomos à delegacia para prestar queixa e a criança foi encaminhada para exames no Instituto Médico Legal (IML)", relembra. "Eu só vim a saber que seria o vereador quem teria agredido o menino no dia seguinte pela imprensa", conta. Maria Eliete conta ainda que Adinir teria lhe dito que estava sendo pressionada para retirar a queixa na polícia. "Ela tem medo que os filhos não tenham o que comer", diz. Os exames no IML, que a reportagem teve acesso, concluíram que o menino apresentava o lado esquerdo do rosto e do pescoço roxo, a testa roxa, todo o braço esquerdo roxo, o lado esquerdo das costas também roxas e dois cortes no tórax do lado direito. Além disso, uma corrente de aço inox e um cadeado envolviam o tornozelo esquerdo do menino.
Além da mãe da criança e da conselheira tutelar, o menino também prestou depoimento à juíza nesta quinta-feira. O vereador Oliveira da Ambulância já havia sido ouvido anteriormente, e assim como a ex-mulher, mudou a versão apresentada na polícia. No dia da agressão, o vereador confirmou o ato violento ao delegado, alegando que apenas quando chegou em Piraquara deu umas cintadas no bumbum do enteado e nas costas. Sobre as várias lesões na cabeça e no rosto do menino, Oliveira disse que o menino caiu quando corria dele. O vereador contou ainda que realmente colocou o cadeado e a corrente no menino e que a ex-mulher teria concordado.
O advogado Cláudio Dalledone Júnior, que defende o vereador no processo criminal, disse que o cliente não mudou de versão e que Oliveira nega de forma veemente a declaração prestada na fase policial. "Ele assinou aquilo que lhe apresentaram. Ele estava sob forte emoção e chegou a passar mal na delegacia", conta. Para Dalledone, as acusações fazem parte de uma trama política eleitoral. "Oliveira foi o vereador mais votado de Colombo. O Tribunal de Justiça o libertou", diz, citando o habeas-corpus concedido pelo TJ. Sobre a mudança da versão de Adinir, mesmo não advogando em favor dela, ele diz que a mãe da criança é analfabeta e mesmo assim lhe foi dado um depoimento para assinar.
Além do processo criminal que responde por tortura, o vereador está sendo investigado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Colombo. Na próxima segunda-feira, Oliveira da Ambulância vai apresentar sua defesa à comissão. Os vereadores investigam se Oliveira quebrou ou não o decoro parlamentar. Oliveira da Ambulância corre o risco de ser preso pelo crime de tortura e de perder o mandato de vereador.
Na Justiça, ainda serão chamadas as testemunhas de defesa antes das considerações finais do advogado e do promotor, para então sair a sentença.
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