Mais um cobrador de ônibus foi preso, nesta sexta-feira, acusado de fraudar o sistema de cobrança de passagens por catraca eletrônica em Curitiba. O acusado agia na linha de ônibus São José-Dona Fina, que sai do Terminal Campo Comprido, e usava três cartões de isentos para liberar a catraca e ficar com o dinheiro de alguns passageiros.
Os registros das catracas eletrônicas revelam que, o cobrador, da empresa Campo Largo, aplicava o golpe por cerca de 20 vezes ao dia, somando um montante de aproximadamente R$ 36,00 (levando em conta a passagem e R$ 1,80). O cobrador foi encaminhado ao 10.º Distrito Policial na Cidade Industrial de Curitiba.
O presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Denílson Pires, alerta que não haverá respaldo para funcionários que atuem "fora da lei". "Quando eles entram nas empresas e no sindicato, todos passam por cursos e treinamentos, quando são alertados de que tudo que eles fazem é registrado no sistema das catracas. Se for comprovado o golpe, a empresa tem todo o direito de dispensar o trabalhador".
Pires ficou preocupado com as recentes notícias, já que os golpes prejudicam a imagem de todos os motoristas e cobradores de Curitiba. "Eles estão denegrindo toda uma categoria e isso não pode acontecer. É ruim para todo mundo. O Sidimoc não apóia nenhuma atitude dessa maneira, mas sim apoiamos todos os que trabalham honestamente".
Até esta sexta-feira (23) já são dez cobradores detidos aplicando o golpe. A nona prisão aconteceu nesta quinta-feira com um cobrador que fazia a linha do ônibus Alimentador Maria Angélica, que sai do Terminal Pinheirinho. Esta tinha sido a primeira prisão de cobrador em ônibus de linha, já que as outras oito, foram em estações tubos.
Para todos os que foram presos e que não há evidência clara de culpa, o Sindimoc fornecerá assistência jurídica. "Para os que foram presos anteriormente e que não haja flagrante, nós encaminhamos advogados para ajudar o pessoal. Só não tem como defender trabalhadores que cometem delitos. É muito complicado isso, já que eles usurpam o sistema e os usuários", concluiu.
Histórico dos golpes
Já na sexta-feira passada (19) três cobradores de estações-tubo foram presos em flagrante por fraude ao sistema de transporte coletivo. Um cobrador da empresa de ônibus Curitiba e outros dois da São José usavam os cartões de isentos e ficavam com o dinheiro. Em um dos casos o cobrador utilizava o cartão de isento do próprio filho, que é portador de necessidades especiais (cartão que dá direito a um acompanhante e dobrava o "lucro" do cobrador). Já os outros dois enganavam idosos e deficientes, fazendo-os utilizar o acesso sem passar pela roleta.
Desde julho já foram presas oito pessoas que aplicavam o mesmo tipo de golpe. A primeira detenção aconteceu em 25 de julho, quando três cobradores de ônibus da empresa Santo Antônio foram flagrados na estação-tubo Cefet, na avenida Marechal Floriano. No último dia 11, outros dois acusados que agiam na estação-tubo da Praça da Ucrânia, sentido bairro-centro, também foram identificados.
No primeiro semestre deste ano foram apreendidos 419 cartões que deveriam estar com pessoas isentas, na maioria idosos, mas eram "emprestados" para terceiros.
Entenda como foi a denúncia sobre as fraudes
No dia 12 de julho, o esquema em que usuários se faziam passar por doentes mentais para conseguir o benefício e se locomover de graça com os ônibus de Curitiba foi descoberto pela Urbs e denunciado pelo ParanáTv. Na reportagem, uma mulher conta que conseguiu o cartão sem passar por nenhum exame médico ou ter de provar que precisava dele. Uma colega de trabalho teria indicado uma clínica que trata de pessoas com distúrbios mentais, onde bastaria pagar para ter o cartão. A mulher acusada de agenciar os cartões é a vendedora Isabel Ramos Gastaldi. Segundo o telejornal, ela tinha um cartão de isento e teria feito outro para a prima, Taciana Agostinho, que trabalha na mesma empresa. Procuradas pela reportagem, as duas não quiseram gravar entrevista, mas responsabilizaram a mulher que fez a denúncia pela fraude.
O dono da clínica não soube explicar quem teria fraudado esses documentos.