Certificado de inspeção predial e um selo de habitabilidade seriam necessáraios para evitar acidentes como o do edifício Dom Gerônimo| Foto: Arquivo

Sacadas do edifício Dom Gerônimo ainda não foram finalizadas

A marquise do 15º andar do bloco 1 do prédio Dom Gerônimo ruiu e desabou sobre as 15 quinze sacadas levando todas ao chão. O acidente aconteceu no dia 26 de outubro de 2008, mas ninguém ficou ferido. Um laudo apontou erros na edificação e os moradores decidiram demolir as outras sacadas do outro bloco numa tentativa de evitar outro incidente. Depois de um ano, as sacadas ainda não foram terminadas.

De acordo com o morador Luiz de Souza, falta apenas a colocação dos vidros ao final das sacadas. "Elas tiveram o projeto alterado e foram todas refeitas, mas agora só falta a parte de acabamento. Elas estão mais longas e estão reforçadas", disse.

Outro ponto do prédio que ainda precisa ser terminado é a fachada, que ficou danificada com a queda das estruturas. Luiz conta que um arquiteto já está com um projeto pronto para dar uma nova cara para a entrada do prédio. "Levamos um susto no dia que aconteceu o acidente, mas agora está todo mundo contente porque o edifício está com cara de novo", finalizou.

A empresa responsável pelas obras das sacadas não quis dar entrevista. Já o síndico do prédio não foi encontrado pela reportagem.

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Após um ano da queda das 15 sacadas do prédio Dom Gerônimo, em Maringá, por problemas na estrutura, entidades do setor da construção civil apresentaram um relatório que aponta os problemas nas edificações da cidade. Além de evidenciar as falhas, o projeto, batizado de Agenda Parlamentar, aponta soluções para evitar acidentes como o que aconteceu com as sacadas do prédio maringaense em 26 de outubro de 2008. De acordo com elaboradores do projeto, a maioria dos prédios com mais de 30 anos apresenta problemas estruturais.

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Apesar de não haver um estudo ou pesquisa que aponte o número de construções com mais de 30 anos que apresentam problemas, os engenheiro e arquitetos garantem que os problemas são visíveis. "Maringá tem mais de 60 anos e existem muitas construções com mais de 30, 35 anos que nunca foram sequer pintadas. Mesmo sem ter um estudo é possível enxergar os problemas", disse Samir Jorge, diretor regional do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR).

O projeto avaliou também vários quesitos estruturais da cidade, como transporte, infraestrutura urbana e meio ambiente. Segundo o estudo apresentado pelo presidente do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Álvaro Cabrini, a avaliação tem "como público alvo toda a sociedade, profissionais da engenharia e arquitetura, construtoras e os proprietários das edificações."

De acordo com o presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Maringá (AEAM), Makihiro Matsubara, falta uma ação fiscalizadora mais incisiva das atividades nas obras de edificações, sobretudo quanto à qualidade, segurança e salubridade das construções. "A decomposição da antiga rodoviária é um exemplo de que é necessário fiscalizar a estrutura dos prédios mais antigos", explicou. Parte do teto da antiga estação rodoviária Américo Dias Ferraz desabou em 2007 por causa da precariedade da estrutura, construída na década de 1960, que jamais passou por uma grande reforma.

A Agenda Parlamentar foi enviada à Assembleia Legislativa nesta semana para avaliação dos deputados. Cópia foi repassada para Prefeitura de Maringá, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) e Corpo de Bombeiros.

Lei

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Para garantir a segurança de qualquer tipo de edificação, os engenheiros propuseram a criação de um certificado de inspeção predial e um selo de habitabilidade. "O selo daria garantiria de qualidade à construção, manutenção ou reforma correta de um prédio. O selo funcionaria como uma espécie de dispositivo preventivo no intuito de coibir possíveis sinistros, como o que aconteceu com o prédio Dom Gerônimo", afirmou Samir Jorge.

O intuito da Agenda Parlamentar é tornar a vistoria predial e a emissão do selo de habitabilidade em lei. "Quando ocorre um problema numa obra, a primeira pessoa a ser procurada é o engenheiro responsável. Mas o morador e o síndico têm responsabilidades na manutenção. Com a criação dessa lei, muitos acidentes podem ser evitados", avaliou Samir Jorge.