Pelo menos 200 moradores de Sarandi realizaram um protesto na manhã desta segunda-feira (20) para repudiar a possibilidade de a cidade receber o lixo de Maringá. O protesto foi feito em frente ao aterro sanitário particular do município e teve a participação do vice-prefeito, Carlos Alberto de Paula Júnior, e do secretário de Meio Ambiente de Sarandi, José Luis de Almeida, já que a prefeitura de Sarandi é contrária à ideia. Também participaram vereadores, religiosos e lideranças comunitárias da cidade.
Na semana passada, a empresa coletora de lixo Central Regional de Tratamento de Resíduos Pajoan, de Sarandi, e secretários municipais de Maringá firmaram um acordo para Sarandi receber os resíduos sólidos urbanos de Maringá. Foi definido que o aterro, que fica na zona rural, poderia começar a receber os resíduos já nesta segunda, o que não aconteceu.
De acordo com Instituto Ambiental do Paraná (IAP), falta uma autorização do órgão para que o trabalho seja iniciado. O chefe regional do órgão, Paulino Mexia, informou que até o meio-dia desta segunda a licença não havia sido expedida. "O IAP tem pressa para resolver essa questão, mas surgiram alguns fatos novos nesta semana e precisamos rever alguns pontos", disse Mexia, sem dar mais detalhes.
Apesar da decisão tomada pelo município maringaense, como medida emergencial, o prefeito de Sarandi, Milton Martini, informou que não existe nenhum tipo de acordo entre as prefeituras e muito menos com a Pajoan ou o IAP para que o lixo seja depositado no aterro da cidade.
O aterro particular, que recebe 40 toneladas de lixo por dia da coleta de Sarandi, tem autorização para receber cerca de 80 toneladas de resíduos diariamente e a nova liberação seria para estender essa quantidade, pois Maringá gera cerca de 300 toneladas de lixo diariamente.
O custo para cada tonelada despejada no aterro particular é de R$ 74, o que geraria uma despesa de aproximadamente R$ 20 mil por dia.
Mais protesto
Depois do protesto em frente ao lixão, os manifestantes seguiram para o Fórum e então para a Câmara Municipal de Sarandi.
Os manifestantes haviam planejado outro protesto às 18h desta segunda-feira (20), quando o deputado federal Ricardo Barros (PP), que é da região, participaria de um encontro em uma escola profissionalizante da cidade, o que não ocorreu.
"Nós somos contra essa proposta porque estamos com medo de contaminar com a nossa água com esses resíduos. Além disso, se o lixo de Maringá vier pra cá, quem garante que o lixo de outras cidades também não vai ser trazido para cá?", afirma o presidente da União Sarandiense das Associações de Moradores (Unisam), Alfredo Peres de Souza.
Maringá não tem opção
Na semana passada, o secretário do Meio Ambiente de Maringá, Diniz Afonso, disse que a medida é emergencial e não há alternativa. No início de dezembro de 2008, a Justiça determinou, a pedido do Ministério Público, a paralisação imediata do despejo de lixo urbano no atual aterro da cidade de Maringá, situado na Gleba Ribeirão Pinguim , que não tem licença ambiental. De lá para cá, a prefeitura vem protelando a determinação. Uma liminar que ainda permite a utilização do aterro tem prazo para ser encerrada no dia 28 de outubro.
De acordo com Mexia, a transferência dos resíduos de Maringá para o aterro de Sarandi seria provisória. "No máximo dois meses, até que a prefeitura maringaense disponibilize um local adequado para tratar o próprio lixo já solicitado pela Justiça", disse na semana passada.