Depois que descartada a possibilidade do vírus da febre amarela ser o causador da morte de 13 macacos no Parque do Ingá, técnicos trabalham agora para verificar qual doença esta vitimando os animais. Embora as demais zoonoses possíveis não tenham tanto potencial de transmissão como a febre amarela, a Secretaria Estadual de Saúde considera fundamental fazer a identificação antes de liberar o parque de Maringá para visitação.
De acordo com Dirceu Vedovello, veterinário e chefe da seção de vigilância em saúde da 15.ª Regional de Maringá, apesar de outras doenças não representarem grande risco à população e a febre amarela ter sido descartada, o Parque do Ingá vai continuar fechado por enquanto para não atrapalhar as investigações. "Pelas características (das mortes) tem grande chance de ser coreomeningite", arrisca o veterinário, mas toxoplasmose também é uma possibilidade.
O arenavírus é o responsável pela transmissão da coreomeningite e está presente em secreções e feridas de roedores, principalmente os domésticos, explicou Vedovello. "Os animais apresentam febre, anorexia, depressão, hapatite e ficam fáceis de serem capturados. Os saguis são mais sensíveis", disse. Muitas dessas características foram identificadas nos animais mortos no parque - daí a suspeita.
Já o humano contaminado vai apresentar sintomas de gripe que depois pode até progredir para meningite. "De uma forma geral atinge o humano de forma leve, mas pode ser perigoso para mulheres grávidas", disse o veterinário.
Esse também é o principal perigo se a toxoplasmose for confirmada nos macacos. "Ela (a doença) acarreta riscos congênitos, como má formação fetal", explicou Vedovello. Já em seres humanos adultos pode causar cegueira. Se esse for o caso, a zoonose pode ter chegado aos primatas por meio de fezes felinas às quais os saguis estiverem expostos. A doença também afeta os macacos por meio de forte hapatite, além de diarréia, vômitos e pneumonia.
Como as formas de contágio partem sempre de manipulação direta, os riscos maiores são dos funcionários do parque que devem se proteger. "Não devem ter contato com o sangue dos macacos", disse o veterinário. O veterinário explicou que os profissionais são treinados para esse tipo de situação.
Na última terça-feira (28) o Instituto Adolfo Lutz de São Paulo confirmou que os exames no material coletado dos macacos mortos no parque de Maringá haviam mostrado que não se tratava de febre amarela, mas a Secretaria Estadual de Saúde informou que ainda não recebeu o laudo oficial. Já o gerente do Parque do Ingá, Mauro Nani, explicou que a situação ainda é a mesma no local, que continua fechado até a finalização das investigações e que os funcionários ainda fazem vistoria na mata em busca de novos primatas mortos ou doentes.