Prefeito é acusado de favorecer chefe de gabinete
Milton Martini é acusado de comprar, sem licitação, produtos agropecuários na loja do então chefe de gabinete da Prefeitura, Ailson Donizete de Carvalho, que se demitiu. São dez bombas para passar veneno e 150 litros de herbicida, que somam R$ 7,7 mil. Martini diz que não sabia que a loja era do funcionário e que já devolveu o dinheiro ao município.
Para investigar a denúncia, os vereadores de Sarandi montaram, no fim do ano passado, uma Comissão Processante (CP), que ouviu testemunhas e então elaborou um relatório, pedindo a cassação. Entre as testemunhas estiveram o próprio prefeito e também o deputado Reinhold Stephanes Júnior (PMDB), que o defendeu.
Martini é investigado também na Justiça, acusado de outras irregularidades a frente da Prefeitura. Em dezembro, ele chegou a ser afastado do cargo pela Justiça, por supostamente estar coagindo funcionários públicos que são testemunhas dos processos. Dias depois, a decisão foi revertida e Martini retornou ao cargo.
Um sorteio vai definir quem poderá assistir ao julgamento do pedido de cassação do prefeito de Sarandi, Milton Martini, na próxima segunda-feira (1º). A medida será tomada, segundo o vereador Luiz Carlos de Aguiar (PPS), que preside a Comissão Processante (CP) que analisou as denúncias contra Martini, porque o número de interessados em acompanhar a sessão é muito maior que a capacidade da Câmara da cidade. O local abriga entre 70 e 80 pessoas sentadas.
Na quinta-feira (25), contudo, mais de 120 pessoas procuraram a Casa para fazer o cadastro exigido para assistir ao julgamento. O prazo para o registro termina na tarde desta sexta-feira (26). Aguiar acredita que o processo deve se encerrar com o cadastro de mais de 250 pessoas. Cerca de 30 cadeiras extras serão colocadas no plenário, mas a maioria deve ser ocupada por profissionais de imprensa.
"Eu sei que as pessoas da cidade têm interesse em acompanhar o julgamento, mas não há estrutura para receber todo mundo", diz o presidente da Câmara, vereador Cilas Moraes (DEM). Ele acrescenta ainda que a limitação do público é importante para garantir a segurança da sessão, que promete ser bastante tensa.
Aguiar diz que há grupos favoráveis e contrários à cassação do prefeito, e que ambos estão pressionando os vereadores. Por isso, o parlamentar deixou a cidade e deve retornar somente no dia do julgamento. Ele prefere não dizer onde está "exilado". Há ainda outros vereadores que saíram do município.
O clima de tensão se arrasta desde o ano passado, quando foram registradas as primeiras ameaças de morte aos vereadores que atuam no processo. Neste ano, novas ameaças foram feitas, assustando os parlamentares.
O sorteio
O sorteio acontecerá às 7h30, trinta minutos antes do início da sessão. Segundo Moraes, os nomes de todos os inscritos serão colocados em uma caixa. Aquele que tiver o nome sorteado poderá entrar na Câmara. Antes, contudo, passara por uma revista feita pela Polícia Militar, que acompanhará toda a sessão.
Os interessados em acompanhar o julgamento devem se registrar até as 18h desta sexta-feira (26), na Câmara de Vereadores da cidade. É preciso apresentar um documento de identidade e um comprovante de residência, que não precisa ser de Sarandi.
O julgamento
Como não se trata de uma sessão comum, os parlamentares não poderão se ausentar do plenário até que a sentença seja proferida. Nesse tipo de julgamento, a Câmara de Sarandi precisará do apoio de dois terços dos vereadores da casa, o que representa sete votos, para cassar o mandato do prefeito.
De acordo com Aguiar, entre os 10 parlamentares, há quatro que prometem votar contra o pedido de afastamento. Aguiar conta com o bom senso dos colegas e também da manifestação da população. "Acho que ninguém irá contra as informações que constam no relatório, mas o que vai demandar é a pressão popular", disse.
Sessão sob risco
O julgamento de Martini está sujeito a ser cancelado de última hora. Isso porque o prefeito entrou com uma ação na Justiça pedindo a dissolução da Comissão Processante (CP), o que anularia toda a investigação feita pelos vereadores, incluindo o pedido de cassação. Martini alega que o grupo foi formado de maneira irregular, sem sorteio, como exige a lei. A ação do prefeito deve ser julgada pelo magistrado Loril Leocadio Bueno Júnior ainda nesta sexta-feira (26).
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