Nosso apego histórico ao passado é frágil e limitado. Isso é resultado de incrustarmos nossas raízes em uma cidade ainda jovem e em constante modificação socioeconômica. Entretanto, um olhar mais apurado destaca quesitos marcantes no cotidiano, por vezes, despercebidos pelo corre-corre do dia-a-dia.
São vias, prédios, monumentos, bustos, enfim, uma vasta relação de marcos que relatam um acontecimento específico. Entretanto, vale ressaltar em especial nossas praças, muitas das quais estão em estado lastimável.
Uma das praças mais importantes na história da cidade é, sem dúvidas, a tradicional Praça das Pernambucanas, ou, como é originalmente nomeada, Praça Napoleão Moreira da Silva. Que maringaense nunca atravessou esse ponto da urbe? Difícil encontrar um. Mas quem conhece um pouco mais de sua história?
A antiga Praça da Rodoviária, que outrora abrigou um "Bosque de Essências", foi nomeada Praça Napoleão Moreira da Silva em 4 de maio de 1957, por meio da Lei 32/1957. O objetivo foi homenagear o baiano que fora eleito um dos primeiros vereadores e presidentes da Câmara de Maringá, que faleceu em um desastre aéreo naquele mesmo ano.
Em 1960, o então prefeito Américo Dias Ferraz ensaiou a construção de uma fonte luminosa nesse espaço. Prometeu entregá-la em três meses. Não cumpriu a promessa. O projeto fez parte do seu audacioso desejo de edificar sete fontes em algumas praças da cidade.
Durante as comemorações do 15º aniversário de Maringá (10 de maio de 1962), a Praça Napoleão Moreira da Silva foi reurbanizada e ganhou os traços arrojados do conhecido arquiteto brasileiro José Augusto Bellucci. As obras foram efetivadas por meio da parceira estabelecida entre a Prefeitura Municipal e a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná.
Atualmente, a Praça Napoleão Moreira da Silva mantém as mesmas características do traçado original de Bellucci e está entre as três praças de maior movimentação da cidade. Apesar da modernidade, parece resguardar a nostalgia dos tempos de poeira e lamaçal. Talvez, o seu "pai" desejasse conservar um ponto de sossego dentro da "selva de pedras". Basta sentar nos bancos e ouvir o canto dos pássaros, o vento nas árvores e o carteado dos idosos e alguns poucos jovens que a frequentam.
Fontes: Maringá Histórica / Gerência de Patrimônio Histórico de Maringá / Museu Bacia do Paraná / Acervo Marco Antonio Deprá / Acervo JC Cecílio / O Jornal de Maringá - Abril de 1960 / Foto colorizada por Brasilino Nelli
* Miguel Fernando escreve aos sábados na Gazeta Maringá. Ele é bacharel em Turismo e Hotelaria e especialista em História e Sociedade do Brasil. É instituidor do Projeto Maringá Histórica, o qual se estende na coluna publicada na Gazeta Maringá e em outra, produzida para a Revista ACIM.
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