O desassoreamento do Lago Igapó deve custar entre R$ 3 milhões e R$ 3,5 milhões, se não forem necessárias medidas para minimizar impactos ambientais. É o que aponta o estudo elaborado do pelo Instituto das Águas do Paraná que deve ser entregue à prefeitura de Londrina, no Norte do Paraná, em dez dias. O documento foi concluído quase dois anos depois do prazo previsto inicialmente. O trabalho para identificar a quantidade e o tipo de sedimentos nos quatro lagos, o método de desassoreamento, entre outros pontos, começou em maio de 2013 e deveria ser entregue em quatro meses.
Inicialmente o estudo apontou a necessidade de retirada de 231 mil metros cúbicos dos quatro lagos. “Mas depois de muita negociação, este número reduziu bastante. Isto porque não vamos mexer no Igapó 1, e no Igapó 2 vamos retirar os sedimentos apenas da superfície, o que está muito profundo não têm necessidade”, afirma o diretor técnico e de saneamento do Instituto das Águas, Carlos Alberto Galerani. O lago 1 possui uma área de 420 mil metros quadrados e 110 mil metros cúbicos de sedimentos. “Não é uma quantidade elevada [proporcionalmente à área] e se trata de um local de muita movimentação para lazer”, diz o engenheiro civil.
O ambientalista João Batista Moreira de Souza concorda que não é necessário mexer no Igapó 1 e que o Igapó 2 tem apenas alguns pontos que precisam de desassoreamento urgente, como a foz do Córrego Colina Verde no Ribeirão Cambezinho, que é o ponto que provoca o alagamento do aterro do Igapó. “O mais urgente são os lagos 3 e 4”, diz.
O lago 2, com área de 171 mil metros quadrados possui 99 mil metros cúbicos de sedimentos. Galerani não tinha a quantidade que seria retirada. “Não tenho esses números assim de imediato”, diz. O Igapó 3 possui área de 45 mil metros quadrados e 18 mil metros cúbicos de sedimentos e o Lago 4 tem área de 13 mil metros quadrados e 4 mil metros cúbicos de sedimento. Dos 231 mil metros cúbicos de sedimentos, segundo Galerani, a maioria é composta por areia fina silte e argila.
Foram estudadas três alternativas de métodos para retirada desses materiais.
O método escolhido, de acordo com Galerani, foi dragagem de sucção com recalque, técnica que evita o esvaziamento dos lagos. O sedimento retirado deve ficar em depósitos provisórios, às margens do Lago, para secagem, o que leva em média um mês. Só então deve ser levado para um local definitivo. O estudo aponta cinco locais para esses depósitos, mas Galerani não quis adiantar quais são. “A prefeitura é quem deve anunciar isso. Tem áreas que são particulares”, diz. Uma das possibilidades para depósito definitivo é a Central de Tratamento de Resíduos (CTR).
O prefeito Alexandre Kireeff (PSD) diz que ainda não tem conhecimento sobre os resultados do estudo e que aguarda o documento. O estudo deverá ser submetido à audiência pública com profissionais da área, de acordo com Galerani.
O ambientalista João Batista Moreira de Souza afirma que o Lago Igapó sofre o impacto de 86 bairros de Londrina e 11 de Cambé que jogam resíduos para dentro da sua bacia. “Enquanto não atacarmos este problema, é jogar dinheiro fora investir em desassoreamento”, diz. “Como em todos os temas urbanos, estão olhando para o efeito e não para a causa. Temos que atacar os problemas que causam o assoreamento: bueiros entupidos, limpeza das vias, erosão em terrenos, resíduos de obras de construção indo para o lago.”
O excesso de impermeabilização da cidade é um dos pontos que precisam ser atacados com urgência. “Com a grande quantidade de áreas cimentadas, a cada chuva centenas de toneladas de resíduos são jogadas dentro dos lagos”, completa.
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