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tragédia em mariana

Menina de cinco anos é a 4ª morte confirmada após rompimento de barragens

Bombeiro e morador retornam após ajudarem nas buscas por desaparecidos no distrito de Bento Rodrigues | RICARDO MORAES/REUTERS
Bombeiro e morador retornam após ajudarem nas buscas por desaparecidos no distrito de Bento Rodrigues (Foto: RICARDO MORAES/REUTERS)

A Polícia Civil confirmou nesta terça-feira (10) a identificação da quarta vítima da tragédia resultante do rompimento de suas barragens da mineradora Samarco em Mariana, Minas Gerais. É a criança Emanuele Vitória Fernandes, de 5 anos, moradora do distrito de Bento Rodrigues. A menina havia se soltado da mão do pai quando a família tentava escapar do mar de lama. Ainda há um corpo de pessoa morta no acidente aguardando identificação.

O corpo de Emanuele foi encontrado no distrito de Ponte do Gama, no município de Ponte Nova, e está no necrotério de Mariana.

Além do corpo de Emanuele, uma das pessoas incluídas na lista de desaparecidos foi retirada. Maria Aparecida Vieira, de 65 anos, escapou da tragédia e estava na casa de parentes desde quinta-feira (5). Assim, resta localizar 22 pessoas.

As buscas em Bento Rodrigues foram suspensas nesta manhã após o registro de um abalo sísmico na região de 2,1 graus na escala Richter, registrado pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), segundo o governo do estado de Minas. Como mais pessoas vêm sendo retiradas de áreas isoladas pela lama, o total de desabrigados, hoje, é de 631 indivíduos.

Velório

O corpo de Emanuele está sendo velado no Cemitério de Mariana sob forte comoção. A mãe da criança, grávida, que escapou da tragédia, passou a manhã debruçada sobre o pequeno caixão branco da menina. O avô de Emanuele, o vigia Francisco Izabel, de 65 anos, foi quem reconheceu a criança. “Reconheci pelos dedinhos da mão, que eram tortinhos, e pelos dentes”, diz o avô.

“O pai estava tentando resgatar ela e o menininho (irmão de Emanuele), mas ela escapuliu. Assim mesmo tentamos entrar na lama, mas não a alcançamos, ela sumiu depois apareceu mais uma vez e depois afundou de novo. Ainda consegui ouvir dois gritos dela”, lembra o avô. “Falaram depois que o helicóptero iria buscá-la e que tinha resgate. Ela estava a 30 metros da gente, não consegui alcançar.”

Chorando, o avô não escondeu a revolta por causa do acidente. “Era uma menina sadia, doce, alegre, uma boneca. A gente vê essa coisa, que é uma irresponsabilidade do Meio Ambiente, um órgão que tinha como cuidar das coisas, como olhar isso, e da Samarco, que com ganância pelo dinheiro fez o que fez. Tem horas que vejo o grito dela, é muito difícil, completou o vigilante.

O corpo da menina deve ser enterrado ainda nesta terça-feira no Cemitério de São Gonçalo, também localizado em Mariana. O pai da menina, que está internado desde o acidente, passa por cirurgia também hoje, segundo contaram familiares.

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