Cronologia
9 de agosto Torna-se pública a denúncia contra o chefe de gabinete do prefeito Beto Richa, Ezequias Rodrigues, e contra sua sogra, Verônica Durau. A denúncia afirma que ela não cumpria expediente na Casa, estava lotada num suposto gabinete "fantasma" Richa na Assembléia (mesmo o prefeito não sendo mais deputado desde 2001). Ezequias ainda a teria usado como "laranja" para ele próprio receber dinheiro do Legislativo. Verônica confirma à Gazeta do Povo que nunca trabalhou na Assembléia. Uma sindicância para esclarecer os fatos é aberta pela Casa.
10 de agosto Verônica pede exoneração do cargo. Ezequias, em nota, diz que há falsificação nos documentos da denúncia.
15 de agosto Richa fala pela primeira vez publicamente sobre o caso. Diz que está sendo vítima de uma "armação".
16 de agosto Ezequias pede exoneração da prefeitura.
11 de setembro - A sindicância da Assembléia comprova a maior parte da denúncia (o nome de Richa no contracheque não é confirmado). A direção do Legislativo anuncia que pedirá ressarcimento pelos salários pagos à funcionária fantasma nos últimos 11 anos.
Richa: "Não tinha como controlar"
O prefeito Beto Richa (PSDB) comentou, pela primeira vez, para a Gazeta do Povo, o resultado da sindicância realizada pela Assembléia Legislativa sobre o caso da "sogra fantasma", Verônica Durau. Segundo o prefeito, não havia como ele fiscalizar a presença de todos os funcionários do próprio gabinete entre 1996 e 2000, quando ele foi deputado estadual e Verônica era funcionária sua.
Depois de um mês da exoneração do chefe de gabinete de Beto Richa, a prefeitura de Curitiba admitiu na quinta-feira (13) que Ezequias Moreira Rodrigues nunca deixou a administração municipal. A exoneração - ocorrida após o envolvimento dele no caso da "sogra fantasma" - foi apenas do cargo que Ezequias ocupava, de chefe de gabinete. Mas ele não foi nem será devolvido, ao menos por enquanto, para a Sanepar, empresa que o cedeu à prefeitura. E continuará, portanto, prestando serviços ao município em outra função.
A revelação sobre a real situação funcional de Ezequias só veio à tona após a Gazeta do Povo ter publicado reportagem em que informava que Ezequias não tinha retornado ao trabalho na Sanepar. A estatal informou não ter recebido um ofício pedindo o cancelamento da disposição funcional e, por isso, continuava pagando o salário de Ezequias normalmente, por meio de um acordo que tem com a administração municipal. Na quarta-feira, a prefeitura resolveu não se pronunciar sobre o caso.
A administração municipal, porém, explicou na quinta-feira a real situação de Ezequias. "Ele está à disposição da prefeitura. Não precisa ter função ou cargo para isso. Pode continuar na prefeitura sem cargo de confiança", disse o secretário municipal de Recursos Humanos, Arnaldo Bertone. O secretário afirmou que outros funcionários do estado estão trabalhando na prefeitura nas mesmas condições.
A prefeitura ainda informou à Gazeta que Ezequias, em 17 de agosto, um dia após sua exoneração do cargo de confiança, pediu licença das funções dele na prefeitura, por motivos particulares. A licença termina nesta sexta-feira (14). No documento, Ezequias pede para que o município comunique esse pedido à Sanepar. Segundo o município, nesse período de um mês em que não trabalhou, Ezequias continua recebendo salário porque está apenas de licença por motivos particulares. "Segunda-feira ele tem que fazer como qualquer funcionário e se apresentar no local para trabalhar", disse Bertone.
Homem de confiança
A revelação de que Ezequias nunca deixou a prefeitura revela que as denúncias que o envolveram não tiraram a confiança do prefeito Beto Richa em seu ex-chefe de gabinete. Ezequias inclusive chegou a confessar publicamente, por meio de uma carta entregue para a comissão de sindicância da Assembléia Legislativa, que ele sabia que a sogra dele, Verônica Durau, recebia salário do Legislativo sem trabalhar. A Assembléia, nesta semana, concluiu que Ezequias foi um dos culpados por ter mantido uma funcionária fantasma no Legislativo.
O ex-chefe de gabinete de Richa é funcionário da Sanepar desde 1983, no cargo de analista processos organizacionais. Estava no gabinete do prefeito desde o início da gestão, em 2005. Foi exonerado do cargo no dia 16 de agosto, uma semana depois de divulgada a denúncia de que sua sogra era funcionária fantasma na Assembléia.
Ezequias está cedido para a prefeitura pela Sanepar, que deposita o salário dele (valor não-informado) mensalmente. Por meio de um acordo com a estatal, a prefeitura devolve esse valor todos os meses à Sanepar. O artifício é usado para que Ezequias não perca direitos como funcionário concursado da Sanepar.
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