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Metade da população concorda com o bordão “bandido bom é bandido morto”

Nas grandes cidades do Brasil, metade da população concorda com a frase “Bandido bom é bandido morto”, que, apesar de polêmica, se tornou jargão de parcela considerável de indignados com os altos índices de violência do país. Pesquisa realizada pela Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) apontou que 50% dos brasileiros concordam com a afirmativa. A porcentagem de pessoas que discordam, no entanto, também é alta, 45%.

Para o sociólogo Cezar Bueno, professor da PUC-PR e membro do núcleo de direitos humanos da instituição, o resultado da pesquisa não traz nenhuma surpresa.

“A percepção de uma sociedade mais punitiva, vingativa e segregadora vem sendo construída há muitos anos por diversas instituições, como mídia, escola e órgãos de controle e repressão. Talvez o que tenha intensificado essa percepção seja o momento de grande tensão que o país vive hoje, um momento de produção de intolerância e ódio e disposição de mais canais de expressão. Mas o imaginário coletivo de que o criminoso deve ser punido e isolado não é novo; a sociedade não acredita na restauração.”

“O conceito popular de justiça passa pela privação e mortes física e simbólica do outro. Mas representa um retrocesso do ponto de vista humanitário.”

Cezar Bueno Sociólogo

Os resultados da pesquisa mostram que há maior diferença de percepção sobre a frase quando o recorte é a idade e a escolaridade. A concordância é maior entre pessoas com 60 anos mais (65%), e menor entre jovens de 16 e 24 anos (42%). Em relação à escolaridade, a concordância é inversamente proporcional ao grau de instrução: 58% dos entrevistados com ensino fundamental completo aprovam a frase, enquanto entre o grupo com ensino superior a taxa cai para 40%.

Já a renda familiar não representou grande impacto nos resultados obtidos: entre pessoas cuja renda é de dois salários mínimos e entrevistados com orçamento mensal superior a dez salários mínimos o índice de concordância com a afirmação foi o mesmo, 48%. Entre as regiões do país, pouca diferença também – no Sul, 54% dos entrevistados disseram concordar que bandidos deve morrer; no Nordeste, Oeste e Norte, 52%; e no Sudeste, 48%.

A pesquisa foi feita em julho, em 84 cidades com mais de 100 mil habitantes. Durante esse período, foram ouvidas 1.307 pessoas de idades variadas. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.

Violência policial

A pesquisa também perguntou aos entrevistados se eles tinham medo ou não de ser vítima de violência por parte das Polícias Militar e Civil. De modo geral, as respostas não destoaram muito: 62% responderam que sentiam medo da Policia Militar e 53%, da Polícia Civil.

Polícia Militar

Dos que confirmaram sentir medo da PM, 34% disseram sentir muito medo e 28%, pouco. O receio é maior entre mulheres (64% contra 59% de homens), e a faixa etária que se mostrou mais apreensiva sobre o tema é entre 16 e 24 anos – 68% dos entrevistados com essa idade afirmaram sentir medo da violência policial.

A renda familiar também impactou as respostas: entre os participantes com renda de até dois salários mínimos, 67% declararam ter medo; entre os com renda superior a dez salários, 55%. O recorte de cor também apresentou diferenças: entre pessoas brancas, o medo atinge 55%; entre negros e pardos, 71% e 67% respectivamente.

A região do país em que há mais tensão da população em relação à PM é o Nordeste (70%); no Sul, 57% dos entrevistados declararam sentir medo de policiais.

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