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Método prevê incêndio com 85% de eficácia

Método criado por Souza prevê também outros acidentes naturais. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Método criado por Souza prevê também outros acidentes naturais. (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

Prevenir é melhor do que remediar, diz a sabedoria popular. A máxima orienta o trabalho desenvolvido pelo engenheiro civil Fábio Teodoro Souza, professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que pesquisa métodos viáveis para a previsão de desastres naturais. Em seu estudo mais recente, Souza criou uma metodologia capaz de prever focos de incêndios florestais com até doze horas de antecedência. Parte da pesquisa foi publicada na revista científica Environmental Earth Sciences (Springer).

A metodologia desenvolvida por Souza usa ferramentas de mineração de dados (softwares computacionais) para compilar e cruzar uma série de informações sobre determinada região. Por meio do cruzamento desses dados, o sistema identifica em quais condições os incêndios florestais ocorrem e consegue emitir um alerta com antecedência sempre que esse padrão é verificado. A taxa de acerto é de 85%.

O modelo preditivo foi testado no Parque Nacional Chapada das Mesas, no cerrado do Sul do Maranhão. O local foi escolhido por ter uma biodiversidade rica e suscetível às queimadas devido à condição climática particular (temperaturas altas e baixa umidade). Lá, o pesquisador consolidou um banco de dados com informações fornecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre os incêndios ocorridos na reserva entre janeiro e novembro de 2010 e com o histórico meteorológico do mesmo período fornecido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Assim, Souza sabia não apenas quando ocorreram incêndios florestais na região, mas quais foram as características (padrões) de cada dia – quantos graus fazia; se havia vento e umidade; se chovia e qual era a intensidade da radiação solar. “Com o histórico de incêndios e todas as informações meteorológicas, geográficas e topográficas que podem explicar o fenômeno em mãos, é possível calcular os índices de ocorrência de incêndios e antecipar ações para minimizar os danos”, explica.

O pesquisador acredita que o modelo preditivo desenvolvido por ele pode ajudar o poder público a pensar em políticas públicas para prevenção ou redução de impactos de outros desastres naturais, como deslizamentos ou incêndios, além de orientar ações da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros diante da iminência de um fenômeno que represente risco à população. “Esse tipo de aprendizado, através de um histórico de ocorrências, pode ser aplicado para a prevenção de outros tipos de desastres naturais e em outras regiões, basta que se tenha uma base de dados consolidada”, explica Souza, que espera que o poder público tenha interesse em implementar o modelo no Paraná para o monitoramento de deslizamentos induzidos por chuvas.

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