Moradores do Batel conviveram por um mês com esgoto a céu aberto correndo sobre a vegetação do Parque Gomm. No último sábado, a Sanepar realizou um reparo emergencial no local que minimizou os efeitos do vazamento. Mas a situação ainda não está totalmente resolvida, já que uma decisão liminar expedida pela Justiça em 2013 proíbe intervenções no local, para evitar a derrubada de árvores. A decisão judicial foi motivada por uma ação civil pública contra a derrubada de árvores do bosque. Foi justamente a queda de uma árvore que causou o rompimento da rede coletora de esgoto.
A Sanepar tenta desde junho de 2015 realizar a obra que poderia ter evitado a inundação do bosquel - seriam instalados 600 metros de tubulações que reduziriam os riscos de vazamento. Mas um advogado conseguiu interromper os serviços após comunicar na Justiça que a obra poderia por em risco a decisão liminar de 2013. Pessoas ligadas ao movimento “Salvemos o Bosque da Casa Gomm” disseram que o grupo, um dos responsáveis pela manutenção do local, não havia sido avisado sobre a obra.
Na última sexta-feira (17), a empresa de saneamento conseguiu uma liminar para reparar a tubulação rompida. Mas a juíza substituta Diele Denardin Zidek, da 1.ª Vara da Fazenda Pública, informou que uma intervenção maior será analisada apenas após a empresa apresentar um relatório da extensão dos danos.
Enquanto o serviço não é realizado, moradores da região temem voltar a conviver com o problema das últimas semanas. O mau cheiro é sentido nos prédios vizinhos ao bosque, fora o risco de contaminação. “Eles [técnicos da Sanepar] tiraram os dejetos. Agora, na teoria, está limpo. Mas as raízes das árvores estão morrendo, submersas no esgoto. Se a ideia da ONG era preservar a área verde com a liminar, não estão conseguindo. Além disso, o cheiro para quem mora aqui estava insuportável”, afirmou Adriana Abbage, moradora de um condomínio que chegou a ser atingido pelo esgoto que transbordou do parque.
Mathieu Struck, do Salvemos o Bosque da Casa Gomm, disse que o movimento informou ao poder público municipal da sua ciência e concordância com a realização dos reparos na rede de esgoto presente no local já em dezembro de 2015 [seis meses após a obra ter sido interrompida]. Essa ciência, diz o advogado, decorreu também do compartilhamento de informações por parte da Sanepar. A ação civil pública que conquistou a liminar impedindo a realização da obras no local é movida pelo advogado Carlos Seará Muradas, que, segundo Struck, não é ligado ao movimento.
O “Salvemos O Bosque da Casa Gomm” teve papel decisivo para que o local se transformasse em um parque, conforme decreto assinado pelo ex-prefeito Gustavo Fruet em julho de 2016. O grupo encabeçou protestos para que aquele espaço não se transformasse em uma rua de acesso aos fundos de um shopping e hoje zela pelo local em uma cogestão com a Secretaria do Meio Ambiente. Os recursos para a obra de implantação do parque vieram como contrapartida do empreendimento ao impacto causado na região.
Substituição da rede é essencial, diz Sanepar
A empresa de saneamento informou em nota que aguarda autorização judicial para concluir os serviços de revitalização da rede, instalada há mais de 50 anos. Disse também que a substituição dessa rede é essencial para evitar novos acidentes e para garantir a boa prestação de serviços de coleta de esgoto na região. A liminar de 2013 foi deferida para evitar qualquer medida de supressão, corte ou intervenção mínima no bosque. O descumprimento da medida, que ainda vigora, acarretará em multa de R$ 100 milhões.
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