Vista áerea mostra área extensa em que ocorreu o deslizamento no Jardim Vicoso, em Niterói| Foto: Sergio Moraes / Reuters

Veja que buscas prosseguem no Morro do Bumba em Niterói

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Resgates continuam na noite desta quinta no Morro do Bumba, em Niterói
Equipes de resgate trabalhavam intensamente nesta quinta-feira em busca de vítimas em um cenário de destruição em Niterói
Equipes de resgate trabalham incansavelmente na busca de sobreviventes no Morro dos Prazeres, no Rio de Janeiro
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A pior chuva dos últimos 44 anos no Rio de Janeiro já deixou 186 mortos em todo o estado, segundo o último balanço do Corpo de Bombeiros divulgado na noite desta quinta-feira (8). As zonas Oeste e Norte, especialmente as regiões perto do Centro da capital carioca, e a cidade de Niterói, na Região Metropolitana, foram as mais atingidas, segundo o Instituto de Geotécnica do Rio (Geo-Rio).

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De acordo com o Corpo de Bombeiros, na capital foram registradas 55 mortes. Em Niterói, na Região Metropolitana, foram 107. São Gonçalo teve 16 vítimas fatais. Outras mortes foram registradas nos municípios de Nilópolis e Magé, na Baixada Fluminense, Petrópolis, na Região Serrana, e em Paracambi.

O prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, decretou nesta quinta-feira (8) estado de calamidade pública e luto oficial de uma semana. Foram registrados óbitos nas localidades do Morro Boa Vista, Tenente Jardim, Ponta da Areia, Martins Torres, Morro Cova da Onça, Morro do Bumba, Estrada da Cachoeira, Estrada Fróes e Travessa Beltrão.

Na noite de quarta-feira (6), moradores do Morro do Bumba, no Cubango, foram atingidos por um deslizamento de terra. Aproximadamente 50 casas teriam sido atingidas. O desabamento, considerado o maior da história de Niterói, segundo a prefeitura, já deixou 17 mortos e dezenas de feridos. Após vistoria, cerca de 60 imóveis foram interditadas no entorno do desabamento do local.

Segundo o subsecterário de Defesa Civil, José Paulo Miranda de Queiroz, há risco de novos deslizamentos no Morro do Bumba, principalmente, porque voltou a chover durante a tarde. Centenas de pessoas acompanham os trabalhos de resgate no local.

Trabalham no local 40 homens da Força Nacional, 90 bombeiros e cem policiais, dos batalhões de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, além da Companhia de Cães, do Batalhão Florestal, do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

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A equipe é reforçada ainda por 24 operadores de máquina. Oito escavadeiras de grande porte e quatro retroescavadeiras estão sendo usadas na área do deslizamento. Segundo os bombeiros, as buscas vão continuar durante a noite e só vão parar quando todas as pessoas forem encontradas.

256 mortes no Rio desde dezembro

De acordo com último levantamento da Defesa Civil, divulgado na tarde desta quinta-feira (8), de 31 de dezembro de 2009 a 8 de abril de 2010, 256 pessoas morreram no Rio de Janeiro por causa das fortes chuvas que atingem o estado, de acordo com a Defesa Civil.

O número deve aumentar, segundo o órgão, conforme as equipes de resgate encontram mais corpos da chuva desta semana. Além dos mortos, outras 418 pessoas saíram feridas e mais de seis milhões foram de alguma maneira afetadas. O número total de desabrigados (aqueles que tiveram que deixar suas casas e não tinham onde ficar) chegou a 7.221 e o de desalojados (os que tiveram que deixar suas casas, mas encontraram abrigo com amigos ou parentes), a 24.336.

Niterói é a cidade com o maior número de mortes, 109 – as 105 desta semana e mais duas que ocorreram quando uma casa no bairro de Santa Rosa desabou em 31 de dezembro. Em seguida está o Rio de Janeiro, com 55, e Angra dos Reis, com os 53 mortos do revéillon.

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O engenheiro civil Alberto Sayão, da PUC-Rio, explica que grandes deslizamentos ocorrem periodicamente no Rio de Janeiro. "O Rio tem condições de topografia, geologia e clima que são favoráveis a esse tipo de coisa. Então a cada dez ou quinze anos mais ou menos nós temos uma ocorrência dessas. Tivemos em 1966 e 1967, depois 1988, daí 1996 e agora", explica. "Dizer que é inesperado é impossível", afirma.

Ele, no entanto, reconhece que o volume de chuva que atingiu o estado, principalmente na última semana, foi "excepcional". "É mais ou menos o que aconteceu em Santa Catarina há um ano e meio atrás. Nesses casos sempre vai ocorrer deslizamento. É impossível que não ocorra. Mas poderia ter sido minimizado o efeito desse temporal. O problema é gestão, é ocupação desordenada", diz ele.

Essa é a mesma avaliação da geógrafa Ana Lúcia Nogueira de Paiva Britto, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para ela, o número de 13 mil domicílios em áreas de risco na cidade do Rio de Janeiro, informado pelo prefeito Eduardo Paes, não é alto o suficiente para justificar a dificuldade em resolver o problema.

Caos em Seropédica

Mais de 5 mil moradores de seis bairros de Seropédica, na Baixada Fluminense, foram atingidos pela chuva que cai na região desde segunda-feira (5). Com a água, que em alguns trechos chegou a dois metros de altura, as ruas da cidade viraram verdadeiros rios e a população do local tem se descolado em barcos, em caixas d’água improvisadas e em pequenos botes infláveis. A prefeitura municipal decretou situação de emergência.

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As escolas municipais e estaduais da região estão fechadas e devem ser retomadas na próxima segunda-feira (12). A professora Francisca Otamira de Assis Veras, de 27 anos, se mudou para o bairro há 6 meses e perdeu tudo o que tinha. "Estou salvando os meus documentos para não deixar de existir pra sociedade. Não consigo recuperar mais nada de minha casa. Não volto mais para cá depois esse alagamento, vou para a casa dos meus pais". disse Francisca.