O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), descartou nesta quinta-feira (13) a possibilidade de suspender o aumento das tarifas de transporte público por 45 dias, como propôs ontem o Ministério Público (MP). "Quanto a reduzir o valor da passagem, não há possibilidade", afirmou o governador, que foi a Santos (72 km de SP) com o secretário de Estado da Segurança Pública, Fernando Grella, inaugurar uma delegacia e anunciar investimentos em segurança na região.
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Na quarta-feira (12), líderes do Movimento Passe Livre (MPL) reconheceram, em reunião de conciliação na sede do Ministério Público do Estado (MPE), que não têm mais controle sobre a massa que participa dos protestos pela redução das tarifas de ônibus, trem e metrô. Mantiveram, porém, a decisão de fazer nesta quinta-feira (13), a partir das 17 horas, outro ato na cidade de São Paulo. A concentração será na frente do Theatro Municipal, no centro.
O professor João Victor Pavesi de Oliveira, do diretório paulistano do PSOL, foi um dos participantes da audiência convocada pelo promotor de Justiça Maurício Ribeiro Lopes para negociar uma trégua nas passeatas e suspender o ato desta quinta. Os representantes das entidades que estavam no evento - além do MPL, havia membros do PSOL, PSTU, PCO e até do PT e representantes do sindicato dos metroviários - concordaram com a proposta mediada pelo promotor: restringir o ato à área do teatro caso o reajuste da tarifa seja suspenso temporariamente.A proposta do MPL é que, nos próximos 45 dias, a tarifa seja congelada em R$ 3 - hoje é de R$ 3,20. No período, uma comissão com representantes do poder público e das entidades analisariam as planilhas de custos que compõem a passagem. O promotor se comprometeu a enviar a proposta ainda na quinta-feira ao prefeito Fernando Haddad (PT) e ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).
A expectativa das lideranças é de que o ato agora reúna pelo menos 5 mil pessoas. "Tivemos 10 mil na terça, tomamos parte da Ligação Leste-Oeste e o ato foi tranquilo até a ação da polícia no Terminal Parque Dom Pedro. A mobilização está grande", avaliou Pavesi de Oliveira, um dos líderes que mantiveram diálogo com a PM na terça-feira e viu outros manifestantes descumprirem as regras repetidas vezes. "A manifestação só perdeu o controle nos momentos em que a marcha parou de andar. E todas as vezes que parou foi porque a polícia tentou impedir o avanço do ato", justificou.
Ambos os governos, no entanto, sinalizaram que não vão revogar o aumento do preço da passagem. A prefeita em exercício, Nádia Campeão (PCdoB), afirmou que as lideranças "perderam o controle" e estão "no caminho errado" e negou haver chances de revogar o reajuste. "Nesse momento, não tem nenhuma possibilidade de haver recuo no reajuste que foi dado, um reajuste bem pensado por toda área técnica", disse.
Estimativas extraoficiais de técnicos da Prefeitura apontam que, só para reduzir a tarifa por 45 dias, a cidade teria um gasto adicional de R$ 50 milhões.
O Palácio dos Bandeirantes afirmou que só se manifestaria sobre a proposta após recebê-la oficialmente. Entretanto, entre auxiliares do governo, a proposta não foi bem-recebida: a avaliação é de que o acordo deixou a cidade refém do grupo.
Redes sociais
Uma das lideranças do MPL, o professor Lucas Monteiro afirmou que seria impossível evitar nova manifestação porque já estava marcada - a convocação foi feita na terça, no decorrer do protesto que deixou um rastro de destruição pela cidade, e está circulando em redes sociais. Ele disse que não havia forma de contê-la. "Mesmo que nós concordássemos em não fazer a manifestação (na quinta), as pessoas iriam para o Theatro Municipal, porque ela já está marcada", disse o manifestante, que afirmou repudiar atos de vandalismo e, principalmente, a repressão policial contra os manifestantes.
Negociação
Na quarta-feira (12), o Ministério Público de São Paulo se reuniu com manifestantes do MPL e se comprometeu a marcar uma reunião com Alckmin e com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de R$ 3,20. Antes do aumento, a tarifa de ônibus, metrô e trens custava R$ 3.
O governador afirmou que o reajuste concedido já é inferior à inflação e voltou a criticar as manifestações. "Esse é um movimento pequeno, mas muito violento e de conteúdo político", disse Alckmin. Um novo protesto contra o aumento das passagens está previsto para esta quinta-feira, às 17h, em frente ao Theatro Municipal.
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