O Ministério Público do Paraná (MP-PR) instaurou um procedimento administrativo para apurar as circunstâncias em que a haitiana Milande Charles, de 29 anos, foi removida da praça em que vivia, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). A migrante havia construído um casebre em pleno Parque Diadema, mas foi retirada do local por equipes da Fundação de Ação Social (FAS) da prefeitura de Curitiba, no dia 30 de janeiro. O barraco em que ela morava foi desmontado e ao menos parte da estrutura foi incendiada.
A investigação será conduzida pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias (Caop) de Direitos Constitucionais. A promotora Ana Paula Pina Gaio solicitou uma série de informações à FAS e ao departamento de limpeza urbana da prefeitura, que auxiliou na remoção da haitiana. Na ocasião, a FAS informou que Milande foi convencida ao acolhimento, mas que ao chegar na Casa de Passagem para Mulher LBT – que é mantida pela prefeitura – a haitiana teria se negado a sair da Kombi da FAS.
A Fundação também disse que a estrangeira “possui transtorno mental e estava agitada”. Por causa disso, o MP-PR solicitou uma cópia do relatório do atendimento médico prestado à haitiana e a que tipo de tratamento ela foi submetida.
Casa em chamas
No dia seguinte em que foi removida, logo às 7 horas, Milande foi vista na praça. Fotos enviadas à Gazeta do Povo por vizinhos mostram a haitiana revirando as cinzas do que sobrou do casebre. O MP-PR encaminhou um ofício ao departamento de limpeza pública da prefeitura, questionando se é “procedimento-padrão” do órgão atear fogo em barracos ou estruturas, após as remoções.
Na ocasião, a FAS informou que os pertences de Milande foram recolhidos e que estariam em um depósito da prefeitura. Em novembro do ano passado, a Gazeta do Povo mostrou em detalhes a casa que a haitiana construiu no Parque Diadema. O barraco feito de madeira, lona e telhas de cimento-amianto tinha o tamanho de uma casa popular e estava mobiliado com fogão, armários, máquina de lavar, duas camas, sofá e cadeiras. Apesar da precariedade, o casebre chamava a atenção pela arrumação e limpeza. A haitiana estava desempregada e vivia no local desde 2015.
Onde está Milande?
A FAS informou que, depois de ter sido vista novamente na praça, Milande foi acolhida e encaminhada à Pastoral do Migrante. Desde então, ela estaria morando com um casal de haitianos, que teria se disponibilizado a recebê-la. A Gazeta do Povo solicitou à Pastoral que intermediasse uma entrevista com Milande, mas a entidade ponderou que a estrangeira está em “fase de adaptação à nova casa” e que esse contato poderia fazer mal a ela.
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