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O Ministério Público Federal investiga se as universidades de São Paulo devem ser responsabilizadas por trotes violentes que ocorram dentro ou fora de suas dependências. De acordo com o procurador Jeferson Aparecido Dias, que avalia denúncias de constrangimento ilegal e extorsão de calouros da Faculdade de Medicina de Catanduva, a 379 quilômetros da capital, as universidades podem estar sendo coniventes com os crimes já que não tomam medidas para contê-los.

- As faculdades têm um ano para se preparar para receber os estudantes com dignidade. Mas muitas não fazem nada. O que queremos saber é se elas, por omissão, acabam permitindo que as agressões aconteçam - afirma o procurador.

Dias afirma que, se ficar comprovada a conivência da instituição, o Ministério Público Federal pode propor um0a ação civil pública contra a universidade e até mesmo uma ação de impropriedade administrativa contra os diretores.

- As universidades têm licença federal para atuar, por isso, podem ser responsabilizadas pelo Ministério Público Federal. No caso dos administradores, a função deles é equivalente a de um servidor público - explica o procurador, acrescentando que crimes como extorsão, lesão corporal e constrangimento têm que ser investigados pela Polícia Civil e acompanhados pelo Ministério Público Estadual.

- Mas as pessoas precisam perder o medo de denunciar. Em Catanduva, estamos percebendo que as pessoas têm receio de contar o que ocorrer, quando deveriam levar o caso para a polícia e para o Ministério Público. Não podemos admitir que cenas de barbárie e selvageria como essas se repitam todos os anos - diz Dias.

O procurador ainda pede uma ação mais firme da Justiça, com a punição dos culpados. Segundo o órgão, muitos casos são investigados em sindicâncias internas das faculdades, cujos resultados não são divulgados. Neste mês, a morte de Edson Hsueh, que era calouro de Medicina da USP completa 10 anos. O corpo dele foi encontrado dentro de uma piscina, depois do trote. Veteranos foram acusados da morte dele, mas a ação foi trancada. Apesar das acusações, a maioria dos envolvidos exerce normalmente a profissão.

Catanduva

Calouros de uma faculdade de Medicina Catanduva tiveram que abaixar as calças no meio da rua, em pleno viaduto que passa sobre uma das mais movimentadas avenidas da cidade. As moças foram poupadas, mas tiveram as roupas cortadas. As fotos, tiradas na segunda-feira e que mostram os estudantes na constrangedora situação, foram parar na internet. Segundo o procurador, além de constrangimento ilegal, os estudantes também podem ter sido vítimas de extorsão.

- Há informações que os alunos tiveram de pagar para ter segurança. Isso é inadmissível - afirmou.

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