A greve geral de servidores estaduais do Rio Grande do Sul, que começou nesta quarta (19) e segue até sexta (21), tirou os policias militares das ruas da capital gaúcha.
A reportagem percorreu 18 quilômetros nas ruas centrais mais movimentadas de Porto Alegre e não viu nenhum policial da Brigada Militar (a PM gaúcha) a pé ou circulando em carros durante a manhã.
A Brigada Militar é proibida por lei de fazer greve, mas adotou uma “operação-padrão”: não vai sair às ruas em veículos com documentação irregular (com multas ou IPVA vencidos) nem coletes salva-vidas fora do prazo de validade. Associações de PMs admitem que, como muitos dos carros estão em situação ilegal, a maior parte da tropa permanecerá nos quartéis.
A Secretaria de Segurança Pública disse, na manhã desta quarta, que irá se pronunciar após uma reunião para discutir o movimento.
Em assembleia realizada na terça-feira, professores, funcionários da Saúde e policiais civis decidiram paralisar suas atividades.
Apenas atendimentos de ocorrências graves, como homicídio, estupro, e casos de violência doméstica são atendidos. Em frente ao Palácio da Polícia Civil, diversos inspetores e escrivães orientam as pessoas que buscam atendimento. Quem quiser registrar pequenos furtos, por exemplo, pode fazer um registro através da internet, na delegacia virtual.
Os funcionários públicos protestam contra o parcelamento de salários, congelamento dos reajustes e mudanças na aposentadoria. As medidas são iniciativas de Sartori para enfrentar a crise do Estado que resultou no bloqueio das contas pelo governo federal por causa do atraso do pagamento da dívida com a União.
“Não reivindicamos apenas o pagamento em dia dos salários,não queremos perder direitos garantidos”, diz o comissário de polícia Luis Felipe Teixeira. Ele se refere ao pacote enviado pelo governador José Ivo Sartori (PMDB) à Assembleia. O pacote congela salários e aumenta a contribuição para a aposentadoria, através de uma previdência complementar.
“Quem ataca o servidor público, ataca o serviço público. Os mais pobres é que usam o serviço e são afetados”, critica a escrivã Neia Carla.
Cerca de 50 mil servidores marcharam em direção à sede do governo gaúcho na tarde de terça (18). O protesto ocorreu após a decisão da greve geral de mais de 40 categorias sindicais. Os manifestantes cantavam frases de efeito como “Sartori não te bobeia, tu vai parar na cadeia”.
Horas após o protesto, Sartori falou à imprensa por poucos minutos e não respondeu perguntas. O governador ordenou que as horas paradas durante a greve sejam descontadas da folha de pagamento.
“Greve não é feriado. Nós vamos ao trabalho, mas só atendemos conforme a lei. Não tem falta para descontar”, diz Carlos Passos, diretor do Ugeirm (Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do RS).
Os servidores temem um novo atraso no pagamento dos salários, como ocorreu em julho. Na ocasião, o governo Sartori pagou em dia somente os funcionários com salário até R$ 2.150. O restante foi pago com 12 dias de atraso, antecipando uma terceira parcela para evitar uma intervenção federal no Estado.
O STF decidiu que o governo gaúcho não poderia parcelar os vencimentos, o governo tenta um recurso. As contas do Estado estão bloqueadas por atraso no pagamento da dívida com a União.
Apesar de ser o quarto Estado mais rico do país e ter bons indicadores sociais, o Rio Grande do Sul convive há anos com alguns dos piores números das finanças públicas no país. É o mais endividado, está na lanterna em investimentos e permanece entre os líderes de gastos com pessoal.
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