| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A greve dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) completa 80 dias nesta quinta-feira (24), com as negociações praticamente esgotadas e a possibilidade iminente de acabar no Paraná. É que, no máximo até a próxima semana, funcionários do órgão no estado se reúnem em uma nova assembleia para discutir a recente proposta do governo federal, que reajusta as tabelas remuneratórias em 10,8% (5,5% em 2016 e 5% em 2017). A oferta não satisfaz totalmente os grevistas, cujo pedido inicial era um reajuste de 27%, mas agrada a categoria pelo número reduzido de parcelas estabelecidas para os pagamentos, diminuindo de quatro para dois anos o prazo para completar o reajuste.

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Nesta quarta-feira (23), em assembleia, os servidores das agências optaram por manter a paralisação. Segundo um dos diretores do Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Saúde, Trabalho Previdência Social e Ação Social do Paraná (Sindprevs), Nelson Malinowski, a decisão de manter o movimentou foi tomada porque, até o horário da reunião, os documentos da proposta oficial revista pelo Governo Federal ainda não haviam sido encaminhados para a entidade.

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“Sem esses ajustes, a greve foi mantida. Mas, agora, com essas propostas, é bem possível que estejamos em um processo de finalização”, declarou Malinowski.

Segundo ele, apesar de haver grandes possibilidades de os servidores acatarem o reajuste definido pela União, o movimento – iniciado no dia 7 de julho – deve acabar sem conseguir cumprir um de seus principais objetivos: a realização de um concurso público para aumentar o número de servidores do INSS, que hoje, de acordo com o sindicato, é considerado inviável para atender toda a demanda da população. Na semana passada, para contornar a crise econômica que abala o país, o governo federal definiu, como uma das propostas, a suspensão de concursos públicos para 2016, medida que permitirá uma economia de R$ 1,5 bilhão.

Em nível nacional, o comando de greve do INSS realiza desde a quarta-feira uma plenária para analisar as decisões estaduais sobre a continuidade ou não da greve. ATé a noite desta quinta-feira, segundo Malinowski, a maioria dos estados havia optado pelo fim da paralisação.

200 mil

É o número de pessoas que deixaram de ser atendidas no Paraná, até agora, por causa da greve dos servidores do INSS.

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“Ainda vamos ficar com uma questão muito grave não resolvida que são mais contratações, por concurso público. Precisamos de um quadro de funcionários suficiente para atender a população. Tem gente que enfrenta espera de mais de cem dias para conseguir iniciar o processo de aposentadoria. Mas, sem mais gente trabalhando, não é possível mudar tão cedo essa espera”, reclama o diretor.

Também nesta quinta, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), realiza uma plenária nacional para definir os rumos do movimento grevista, que deve impactar nas mobilizações de todos os estados.

Agências fechadas

Em Curitiba, as agências do INSS permanecem fechadas, com atendimentos mantidos apenas para alguns casos de perícias médicas – também parcialmente suspensos por causa de uma greve dos peritos, deflagrada no início de setembro.

Na tentativa de dar início ao processo de aposentadoria, Isiane Fim procurou a unidade da previdência na Rua Cândido Lopes, na região central da capital. Ela desistiu do primeiro processo instaurado porque achou mais vantajoso usar o novo cálculo da aposentadoria, definido em junho. Com agendamento feito há três meses, ela não teve o atendimento previsto para esta quarta-feira.

“E agora? Minha aposentadoria foi embora e pelo jeito só ano que vem”, constatou.

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E a previsão de Isiane é correta. De acordo com o Sindprevs, pedidos para dar entrada em processos de aposentadoria só devem reagendados para 2016. No restante deste ano, se a categoria voltar aos trabalhos, os servidores deverão dar prioridade a serviços como licença maternidade, pensão por morte e aposentadoria de pessoas desempregadas. Eles devem trabalhar em mutirão para que boa parte das pendências possa ser resolvida até dezembro.

Luís César dos Passos, de 49 anos, também buscou atendimento no INSS nesta manhã. Ele se dirigiu até à unidade da Rua XV de Novembro porque precisava, apenas, saber a data e o local da perícia médica que precisa realizar para continuar afastado do trabalho por problemas de doença. Orientado pelo serviço de atendimento telefônico da Previdência Social, o 135, ele buscou a agência, que disse não poder atendê-lo.

“Eles falam que eu tenho que esperar acabar a greve, mas para continuar com o atestado, preciso dessa perícia. E eles só ficam jogando a gente de um lado para o outro”.

O Sindprevs estima que desde o início da paralisação, que tem cerca de 90% de adesão dos servidores, 200 mil pessoas tenham deixado de ser atendidas em todo o Paraná.