A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou nesta segunda-feira (1.º) emergência mundial por causa da microcefalia (malformação do cérebro do bebê), problema que tem sido associada ao vírus zika. A designação foi recomendada por um comitê de especialistas independentes da agência da ONU, após críticas sobre uma resposta hesitante até agora. A decisão, que não veta viagens ao Brasil, deve ajudar a acelerar ações internacionais e de pesquisa.
Apesar do avanço nas pesquisas, ainda não há um teste rápido que permita confirmar a presença de anticorpos para o vírus da zika nas mães e bebês atingidos no início da gestação. Os testes disponíveis detectam o vírus apenas durante o quadro agudo da doença —quando a pessoa ainda tem os sintomas.
Diante do impasse, o Ministério da Saúde mudou a classificação dos casos neste mês e passou a confirmar não mais apenas os ligados ao zika mas todos que, em exames, possuem alterações “associadas a infecções congênitas” (de mãe para filho).
Até a última semana, havia 270 casos de microcefalia no país, sem que fossem apontadas as causas. Destes, seis deram positivo para zika: bebês que morreram após o parto e fetos que tiveram amostras coletadas ainda na gestação.
Com mais de 1,5 milhão de contágios por zika desde abril, o Brasil é o país mais afetado pelo vírus, seguido pela Colômbia, que no sábado anunciou mais de 20 mil casos, 2.000 deles em mulheres grávidas.
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Embora os sintomas do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti sejam de escassa gravidade, surgiram indícios que o vinculam ao número excepcionalmente elevado de casos de bebês que nascem com microcefalia, particularmente no Brasil.
“Apesar de ainda não ter sido estabelecida uma relação causal entre o vírus zika e as más-formações congênitas e síndromes neurológicas, há fortes motivos para suspeitar de sua existência”, afirmou na semana passada a diretora geral da OMS, Margaret Chan, ao anunciar a convocação de um Comitê de Emergência da agência da ONU.
MEDIDA PROVISÓRIA
Nesta segunda, a presidente Dilma Rousseff (PT) enviou medida provisória ao Congresso Nacional que autoriza agentes de saúde a entrarem de maneira forçada em propriedades privadas abandonadas ou fechadas para combater focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus zika, da dengue e chikungunya.
A iniciativa foi publicada na edição desta segunda-feira (1.°) do “Diário Oficial” da União e regulamenta as normas de acesso a imóveis privados em estados e municípios que já possuem legislação específica sobre o assunto.
O texto autoriza que autoridades federais, estaduais e municipais do SUS (Sistema Único de Saúde) ingressem de maneira forçada, com a ajuda se necessário de forças policiais, em imóveis públicos e particulares que forem designados e identificados com a possibilidade de presença de criadouros do mosquito.