A Organização Mundial da Saúde (OMS) se reúne nesta segunda-feira (1º) em caráter de urgência para avaliar se declara o zika vírus uma emergência internacional e recomenda a governos de todo o mundo vigilância máxima. A entidade reúne os maiores cientistas sobre o tema, entre eles o brasileiro Pedro Vasconcelos, do Instituto Evandro Chagas. A constatação é a de que o vírus poderia ser uma “emergência de saúde de preocupações internacionais”.
Até hoje, apenas as doenças H1N1, pólio e ebola receberam tal status. A partir de agora, a OMS vai lançar um apelo internacional por recursos para financiar novas pesquisas. Mas, de forma imediata, a entidade vai sugerir uma série de medidas para tentar conter o mosquito e a proliferação do mosquito.
Clínica oferece terapia para bebês com microcefalia na Bahia
Estado já registrou 533 casos de microcefalia. Em Salvador, uma clínica especializada oferece um tratamento adaptado para estes pacientes.
+ VÍDEOSÀ reportagem, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, indicou que dificilmente haverá uma restrição de viagens ao Brasil. O que ela espera, porém, é que um padrão internacional de resposta seja dado e que impeça governos de “exagerar” em medidas que possam punir os países afetados pelo vírus.
Fontes na OMS admitiram que, em poucos meses, o vírus passou de “suave” para “alerta” e o zika já está em Grau 2 de emergência, numa escala de zero a três.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), entre 3 milhões e 4 milhões de pessoas poderiam ser contaminadas pelo vírus em 2016 nas Américas. Mas a OMS hesita em chancelar a projeção.
À reportagem, o chefe do Departamento de Surtos da entidade, Bruce Aylward, disse acreditar que os casos no Brasil vão “perder força” no ano. Mas ele admitiu que o zika vírus é “um teste de uma nação” e pediu “maturidade” a grupos políticos e atores da sociedade brasileira para superar o desafio.
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Efeitos colaterais do zika
Embora os sintomas do vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti sejam de escassa gravidade, surgiram indícios que o vinculam ao número excepcionalmente elevado de casos de bebês que nascem com microcefalia.
O Brasil fez um alerta em outubro sobre um número elevado de nascimentos de crianças com esta condição, principalmente na região Nordeste. Atualmente há 270 casos confirmados e 3.449 em estudo, contra 147 em 2014. O país notificou em maio de 2015 o primeiro caso de doença pelo vírus zika. Desde então, “a doença se propagou também para outros 22 países da região”, aponta a OMS.
“Apesar de ainda não ter sido estabelecida uma relação causal entre o vírus zika e as más-formações congênitas e síndromes neurológicas, há fortes motivos para suspeitar de sua existência”, afirmou na semana passada a diretora geral da OMS, Margaret Chan, ao anunciar a convocação de um Comitê de Emergência da agência da ONU.
Além da microcefalia, a fala de Chan se referia também a síndrome de Guillain-Barré, um problema no qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso, chegando a provocar paralisia em alguns casos.