| Foto: RICARDO MORAES/REUTERS

Se depender da Defesa Civil de Minas Gerais, os moradores de Bento Rodrigues, em Mariana, não retornarão às suas casas. O distrito foi duramente atingido pelos rejeitos de minério de ferro das barragens da empresa Samarco que se romperam.

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Nesta terça-feira (10), o coordenador da Defesa Civil de Minas, coronel Helberth Figueiró de Lourdes, afirmou que, mesmo após encerradas as buscas por vítimas na região, vai recomendar que ninguém volte para o distrito. “Há quatro ou cinco metros de lama compacta em Bento Rodrigues. Mesmo se houver condições de os moradores voltarem, vou sugerir que isso não aconteça”, disse.

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Bento Rodrigues - que na verdade é um subdistrito de Camargos, este sim, distrito de Mariana - tinha aproximadamente 600 habitantes antes da tragédia. Foi fundado no século 18, no início da exploração de ouro que tinha Ouro Preto como principal centro. Se a recomendação da Defesa Civil for seguida, a localidade, que nasceu com a mineração do ouro, morrerá com a do minério de ferro.

A Mina da Alegria, nome dado ao complexo do qual faziam parte as duas barragens que ruíram, começou a ser explorada em 1992. O complexo tem reservas estimadas em 400 milhões de toneladas de minério de ferro. São retirados atualmente da mina 10 milhões de toneladas do metal por ano.

O coronel afirma que o mais importante no momento é saber como a empresa se posicionará em relação à indenização que será dada às famílias que perderam suas casas. “É preciso saber se receberão dinheiro, se serão adquiridas moradias em outros locais”, disse. Na segunda-feira, o Ministério Público em Mariana informou que vai pedir à Justiça que determine o pagamento imediato de um salário mínimo por família atingida, por tempo indeterminado.

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A nova expectativa é de que uma onda mais concentrada de rejeitos das barragens que romperam em Mariana, em Minas Gerais, atinja Colatina, no Espírito Santo, na sexta-feira (13) ou no sábado (14). “O novo prazo nos dá tempo para aperfeiçoar o plano emergencial”, disse o prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski (PT). Ele desistiu da ideia inicial de fazer um rodízio, já que não haverá volume suficiente. “Pensamos agora em instalar pontos de coleta com caixas de 10 mil litros”, disse. Locais prioritários, como hospitais e presídios, devem receber auxílio de caminhões-pipa.

Mas o adiamento não arrefeceu a busca por água potável. Na tarde desta terça-feira (10), a empregada doméstica Maria da Conceição, de 60 anos, tentava havia quatro horas encontrar algum lugar em que pudesse comprar um garrafão de 20 litros. “Estou na rua desde cedo e nada”, disse. Ela se deparou com um caminhão que transportava o produto e ficou feliz ao conseguir concretizar a compra por R$ 9. Distribuidoras da cidade faziam listas de espera.

Quem também teve de enfrentar a demanda intensa foi o empresário Wellington Bernardina, de 54 anos. Dono de uma loja de construção, viu seu estoque de caixas dágua que deveria durar um mês ser vendido em dois dias. “É o tipo de lucro que a gente prefere não ter.” Foram 60 caixas dágua (a R$ 240) em menos de um dia. E quem não conseguiu comprar caixa extra, como José Albano da Rocha, de 72 anos, se virava do jeito que dava: com panelas, baldes e máquina de lavar. “Só Deus sabe o que vem por aí.”

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