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Londrina – Os secretários estaduais de Agricultura reclamam que a Medida Provisória editada nesta quinta-feira só abrange dívidas recentes e de custeio, excluindo os débitos mais antigos, resultantes da securitização e do Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa). Eles estiveram reunidos no Fórum Nacional de Secretários de Agricultura, durante a 46.ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, que abriu nesta quinta.

Na avaliação do secretário paranaense, Newton Pohl Ribas, as dívidas decorrentes desses programas, criados na tentativa de resolver as distorções geradas por sucessivos planos econômicos nos financiamentos, são "impagáveis". Segundo o vice-governador Orlando Pessuti (PMDB), 70% dos produtores paranaenses não terão recursos para pagar as dívidas neste ano. Ele afirmou que o Tesouro Nacional – credor dos agricultores – está executando judicialmente os débitos atrasados de cerca de 45 mil agropecuaristas paranaenses.

Ribas anunciou que, ainda neste mês, os governos do Codesul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul) se reunirão para fazer uma nova cobrança conjunta ao governo federal. Além do alongamento das dívidas de securitização e Pesa, os pedidos incluirão queda mais acentuada da taxa de juros e valorização do dólar, para favorecer as exportações.

Pedro de Deus, secretário baiano e presidente do Fórum Nacional dos Secretários da Agricultura, defendeu que o governo prorrogue o pagamento dos juros que incidem sobre parcelas vencidas do Pesa e da securitização. "Vamos continuar pleiteando avanços em relação ao endividamento do setor. Senão, teremos comprometido o futuro da agropecuária." Além do endividamento, o fórum discutiu a sanidade dos rebanhos, principalmente gripe aviária e febre aftosa.

Entre os agricultores paranaenses, o pacote foi recebido com um misto de alívio e apreensão. Para o presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslowski, as medidas atendem parcialmente às expectativas. "A prorrogação das dívidas de investimento para 12 meses após o vencimento do contrato e a alocação de recursos para comercialização, que dá a opção do agricultor de esperar por um preço melhor, dão um fôlego ao produtor e às cooperativas", diz o presidente.

A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) recebeu as medidas de forma ainda mais crítica. "O pacote não atendeu às expectativas dos produtores paranaenses que a Faep representa. O governo adiou por um ano a solução do problema", diz o assessor da presidência Carlos Augusto Albuquerque. Para o porta-voz da Faep, a origem do problema é a política cambial. "O governo sabe que é o responsável pela situação da agricultura no país. Queríamos, no mínimo, um alongamento amplo da dívida para diluir os prejuízos acumulados, com prazo de carência e inclusão de financiamentos de investimento", completa.

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