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Caos aéreo

Passageiros esperam 30 minutos a mais no Afonso Pena

Atrasos e cancelamentos de vôos já viraram rotina nos principais aeroportos do país. Quem for embarcar nos próximos dias deve se preparar: o tempo médio de espera nos vôos com atraso é de meia hora. Somente nesta segunda-feira (13), entre as 6 e 18 horas, foram registrados 60 atrasos nos pousos ou decolagens e um cancelamento em 108 vôos previstos no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região de Curitiba.

Segundo a Infraero, estatal que controla os terminais aéreos, o atraso médio no Afonso Pena durante o dia era de 34 minutos. Apenas um vôo da Gol, com destino São Paulo, foi cancelado. A assessoria de comunicação da Infraero afirmou desconhecer os motivos dos atrasos no aeroporto internacional.

Em razão do tempo nublado e da forte garoa, a operação foi feita por instrumentos no início da manhã no Afonso Pena. No entanto, ainda segundo a Infraero, o clima não teria sido responsável por nenhum dos atrasos.

Brasil

A semana também começou com atrasos em vários outros aeroportos brasileiros, indícios que a operação padrão dos controladores de vôo pode estar voltando. Um balanço nacional mostrou que desde a meia noite de segunda foram registrados 520 atrasos. Esse número corresponde a 41,8% do total de pousos e decolagens programados para o dia.

A Infraero não informou em quais cidades os problemas são maiores, embora já reconheça que já repercutem em todos os principais aeroportos do país. Em seu último boletim oficial, divulgado às 11h, o comando da Aeronáutica assegurava que não havia problemas no sistema de controle de tráfego aéreo em nenhum ponto do país.

O assunto foi discutido em reunião emergencial comandada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Além do presidente da Infraero, participaram do encontro o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, e o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi. A reunião, porém, terminou sem divulgação de medidas concretas. (Leia matéria completa)

Apesar dos novos atrasos, a Infraero e a Aeronáutica negam que a operação-padrão - que provocou um verdadeiro caos nos aeroportos de todo país na véspera do feriadão de Finados - tenha sido retomada. Os controladores também negam que haja um movimento organizado e dizem que os atrasos são decorrentes da falta de pessoal. Ainda de acordo com o sindicato, não há gente de reserva e, no fim de semana, se algum controlador falta, os atrasos são inevitáveis e o problema tende a se agravar até o final do ano, com o aumento do movimento.

Já o Comando da Aeronáutica alega que os atrasos e cancelamentos seriam conseqüências do domingo, um "efeito cascata". De acordo com o Comando, não está sendo realizado nenhum controle de fluxo - espaçamento maior que o habitual entre pousos e decolagens - como o que causou o atraso de vôos por até 10 horas. O órgão ainda informou que as companhias aéreas são as responsáveis pelos seus vôos e cabem a elas explicarem os atrasos desta segunda.

Atrasos nos principais aeroportos

O Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos, teve 15 vôos atrasados no início da manhã. São dez pousos e cinco decolagens. Nas chegadas fora do horário, oito aviões tiveram como partida cidades do Nordeste. Dois vôos internacionais - vindos de Caracas e Nova York - também têm atrasos. A média de espera dos passageiros em Cumbica é de 2 horas. Em Congonhas, 10 chegadas estavam atrasadas.

No aeroporto de Brasília, três pousos e três decolagens atrasaram em média de 20 a 40 minutos. Em Porto Alegre, a demora é de cerca de duas horas. Em Belo Horizonte, um vôo vindo de Porto Seguro chegou com três horas de atraso.

No Rio, no Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim decolagens para as regiões Norte e Sul do país foram suspensas por meia hora. Houve atrasos em sete vôos de, em média, 30 minutos. A situação é tranqüila, apesar das filas.

Fim de semana

O fim de semana também foi marcado por demora nos pousos e decolagens e dois vôos foram cancelados, um no sábado e outro no domingo. Na sexta-feira estavam previstos 152 vôos e 78 mostraram atrasos. Os passageiros esperaram em média 53 minutos. O vôo da Gol 1738/1739 que faria a rota Curitiba/Congonhas/Curitiba, foi cancelado.

No sábado, estavam previstos 110 vôos e 53 apresentaram atrasos, com 53 minutos em média por atraso. O mesmo vôo da Gol cancelado na sexta também não ocorreu no sábado.

Neste domingo os passageiros precisaram ter mais paciência no Afonso Pena. A média dos atrasos foi de 1 hora e 25 minutos. Dos 99 vôos previstos, 51 atrasaram. O vôo da Gol 1740/1741, que faria a rota Congonhas/Curitiba/Congonhas, foi cancelado. A previsão era de chegar em São José dos Pinhais às 17h55 e decolar às 18h20, mas isso não aconteceu.

Entenda a crise

Os atrasos e cancelamentos de vôos começaram a ser registrados em 27 de outubro, quando os controladores de vôo implantaram a operação-padrão. Eles começaram a seguir à risca as normas internacionais de serviço: cada profissional passou a monitorar, no máximo, 14 aeronaves simultaneamente e, com isso, o intervalo entre os pousos e decolagens aumentou, provocando atrasos em terminais aéreos em todo o país.

O protesto dos controladores é contra a falta de profissionais. Segundo eles, as condições de trabalho pioraram depois do afastamento de trabalhadores por causa da queda do Boeing da Gol, em 29 de setembro. O avião caiu no Norte de Mato Grosso e as 154 pessoas que estavam a bordo morreram.

Para contornar o problema, o governo convocou mais controladores, anunciou os preparativos para a contratação de novos profissionais e iniciou negociação com a categoria. Durante as negociações, o ministro da Defesa, Waldir Pires, admitiu desmilitarizar o setor, um dos pleitos dos controladores, abrindo divergência com a Aeronáutica.

Passageiros e setores prejudicados, como hotéis e empresas aéreas, exigem indenizações.

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