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Nostalgia

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Em setembro de 1939, o povo se reúne para ver o desfile. O prédio do Braz Hotel estava em construção | Acervo histórico CD
Em setembro de 1939, o povo se reúne para ver o desfile. O prédio do Braz Hotel estava em construção (Foto: Acervo histórico CD)
Avenida Luiz Xavier, em dezembro de 1992. O prédio do então Bamerindus se despede do Natal. A rua está enfeitada com arcos para comemorar os pretensos 300 anos da cidade |

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Avenida Luiz Xavier, em dezembro de 1992. O prédio do então Bamerindus se despede do Natal. A rua está enfeitada com arcos para comemorar os pretensos 300 anos da cidade

Aspecto da face sul da Avenida Luiz Xavier, na pacata Curitiba de maio de 1940 |

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Aspecto da face sul da Avenida Luiz Xavier, na pacata Curitiba de maio de 1940

Ilustres cavalheiros, acomodados num banco da Praça Osório, apreciam o movimento na então Avenida João Pessoa, em 1940 |

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Ilustres cavalheiros, acomodados num banco da Praça Osório, apreciam o movimento na então Avenida João Pessoa, em 1940

Avenida Luiz Xavier, na esquina com Travessa Oliveira Belo, local onde foi criado o apelido Boca Maldita. Foto da década de 1950 |

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Avenida Luiz Xavier, na esquina com Travessa Oliveira Belo, local onde foi criado o apelido Boca Maldita. Foto da década de 1950

A Boca Maldita sempre foi local de movimentos populares como o Diretas-Já, em janeiro de 1984 |

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A Boca Maldita sempre foi local de movimentos populares como o Diretas-Já, em janeiro de 1984

A Avenida Luiz Xavier vazia, sem o calor humano do curitibano, numa triste manhã de 2008 |

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A Avenida Luiz Xavier vazia, sem o calor humano do curitibano, numa triste manhã de 2008

Ivan Pereira, figura respeitável da Boca, falecido recentemente |

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Ivan Pereira, figura respeitável da Boca, falecido recentemente

Quantas vezes encontramos um conhecido que não vemos há tempos e na conversa vai, conversa vem começamos a perguntar por outras pessoas com quem mantínhamos laços amistosos. Aí vem o choque: Fulano? Você não soube? Morreu. E aí o papo vai se desenrolando em recordações sobre a velha turma da esquina, a respeito dos colegas da escola e da memória do bando de companheiros dos trênes de futebol naquele campinho, que também já desapareceu. Muitos desses velhos companheiros já foram para o outro lado, deixaram apenas lembranças nostálgicas.

Agora, em contrapartida, existem os defunteiros, que são aqueles que sentem prazer em dar a notícia em primeira mão: Você sabe quem morreu? Não sabemos. O anúncio então é dado com certo frenesi, e o psicótico ainda arremata: Antes ele do que eu! Pior ainda é o brincalhão grotesco, aquele que mata todos os que estão vivos quando é perguntado sobre certo indivíduo e responde prontamente: Não me diga que você não sabe! Bateu as botas!

Existem especialistas nesse tipo de humor negro. Um deles, bem conhecido, opera no bairro do Seminário, onde tem um boteco em que serve algumas bebidas fajutas e petiscos conhecidos pelos gozadores como: Jesus me chama. Nunca se deve perguntar por ninguém para o tal especialista em maus agouros porque seus olhos brilham e vem a notícia elaborada com sadismo: é mais um que o nanico despacha. Conhecido pela freguesia como: O maior anão do mundo. É o maior boateiro fúnebre da região.

Deixando as brincadeiras de lado, vamos à razão pela qual estou abordando um assunto lutuoso. Recentemente faleceu um bom amigo, que simbolizava muita coisa na atual e velha Curitiba. Seu nome: Ivan Pereira. Era ele nascido e criado no Água Verde, nas fraldas do Clube Atlético Paranaense, clube onde o Ivan dividiu com Caju e Laio as honras de ter sido goleiro nas décadas de 1940-50. A sua presença constante na Boca Maldita perdurou por algumas décadas, já que residia no Edifício Tijucas. Era comum vê-lo disputando um cafezinho no palito com a roda de amigos, que impreterivelmente se reuniam para isso duas vezes por dia. Assunto sempre tinha: Atlético!

Com o desaparecimento do Ivan Pereira, aquela menor avenida do mundo ficou menor ainda. Mas em sua homenagem vai esta Nostalgia, no mais pleno sentido da palavra. Partiu o Ivan, deixando uma voz a menos na Boca: Uma vez Atlético, Atlético até morrer!

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