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tragédia no RS

“Perdi quatro amigas de turma”

Franciéle Gusatto, e as amigas Franciele Mayara e Michelly, em foto tirada dentro da boate | Fotos: Reprodução/ Facebook
Franciéle Gusatto, e as amigas Franciele Mayara e Michelly, em foto tirada dentro da boate (Foto: Fotos: Reprodução/ Facebook)

A estudante paranaense Franciéle Gusatto passou a morar na cidade de Santa Maria (RS) em março do ano passado, após ser classificada em terceiro lugar no Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal da cidade gaúcha. Os pais moram em Francisco Beltrão, no Sudoeste, e receberam a ligação da filha às 6h30 de domingo informando sobre o incêndio na boate Kiss.

A mãe conta que Franciéle ainda não tinha noção da extensão da tragédia quando telefonou. "Ela estava desesperada, dizia ‘mãe, morreu gente, acho que uns 20’. Foi um dos piores dias da minha vida", conta Neuza Gusatto, mãe da estudante.

Neuza diz que não conseguiu se alimentar durante todo o domingo. "Eu chorei o dia inteiro, não comi nada. Chorava, agradecia e rezava", relata. O agradecimento era por Franciéle ter escapado com vida da tragédia e as orações, pelos pais e mães que perderam seus filhos.

Testemunha

Por telefone, a estudante contou que estava perto do palco e viu quando o vocalista disparou o sinalizador. Ela só percebeu a gravidade da situação quando a instalação elétrica começou a entrar em curto-circuito. A estudante chamou as amigas para saírem do local e conseguiu escapar ilesa. "Quando eu estava saindo vi a fumaça preta no teto", afirma. Ela disse que foi uma das primeiras pessoas a deixar a boate.

Franciéle perdeu quatro amigas que estudavam na mesma sala e vários colegas de outros cursos. Ela conta que será difícil o retorno à vida normal a partir de agora. "De todos os lugares que eu frequento tem alguém que eu conhecia [e que morreu]", diz. Na tarde de ontem, a estudante acompanhou o enterro de uma amiga na cidade de Venâncio Soares (RS).

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Depoimentos

"Ela estava desesperada, dizia ‘mãe, morreu gente, acho que uns 20’. Foi um dos piores dias da minha vida. Eu chorei o dia inteiro, não comi nada. Chorava, agradecia e rezava."

Neuza Gusatto

"Em questão de dois minutos ficou tudo preto, a fumaça foi fazendo o pessoal desmaiar e foi todo mundo caindo, pisoteando e tentando sair."

Franciele Mayara

"Nesses minutos em que os seguranças seguraram [as pessoas que queriam sair] o pessoal começou a se apavorar e muitos foram para o banheiro."

Michelly Fant

"De todos os lugares que eu frequento tem alguém que eu conhecia [e que morreu]."

Franciéle Gusatto

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