De maio a agosto, quando a maioria dos veranistas já foi embora, o Litoral do Paraná se torna rota de passagem para outros tipos de “turistas”: os pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus). Após uma longa viagem vindos da Patagônia, os animais chegam às praias do estado desnutridos, hipotérmicos e desidratados.
Galeria: Veja imagens dos pinguins tratados pela ONG Proamar
Voluntária da ONG Proamar (Projeto de Reabilitação de Aves, Répteis, Mamíferos Marinhos e Restinga), a veterinária Débora Lima virou uma espécie de salva-vidas das simpáticas aves que aportam na região. É ela quem medica e alimenta os pinguins. Depois de estarem recuperados, eles são devolvidos ao mar, geralmente em grupos de dez. O processo é feito em locais onde não há presença de redes de pesca e outras ameaças.
“Quando vamos soltá-los, as escolas trazem as crianças para ver, é bem bacana”, comenta Débora. Ela conta que os pinguins passam por uma série de análises assim que chegam ao centro veterinário montado para atender os animais. “Verificamos se há falhas na plumagem, se eles têm marcas de rede de pesca”, exemplifica a veterinária. O peso também é observado. Um pinguim saudável pesa entre 3,5 kg e 7 kg, dependendo da idade. Mas, por causa da desnutrição, alguns chegam ao litoral pesando pouco mais de 1 kg.
Após esse processo de análise, os animais recebem uma injeção de um complexo vitamínico, protetor hepático – usado contra intoxicação – e antibióticos. Durante uma semana, o tratamento é à base de vitaminas injetáveis. “As vitaminas são preparadas como se prepara uma sopa para alguém doente. É um alimento sem glúten e sem lactose, rico em minerais, vitaminas, calorias e proteína.”
100 PINGUINS
devem ser tratados pelo Proamar até o fim de agosto. O número de animais em tratamento oscila ano a ano. Em 2015, entre o fim de maio e o início de junho, já chegaram 14.
Segundo a veterinária, muitos pinguins apresentam quadros de intoxicação por alga, petróleo, produtos químicos e doenças. “Alguns chegam à praia já mortos. Em uma faixa de oito quilômetros encontramos sete pinguins mortos e um vivo hoje.”
Dos gastos totais para reabilitar os animais, 60% é com alimentação, e o restante com medicamentos. Para custear as despesas, a instituição depende de doações, mas nem sempre elas chegam. “A gente acaba tirando do bolso e atendendo outros animais fora daqui para conseguir mais recursos”, conta Débora.
Temporada
Durante o verão o trabalho aumenta no Proamar. A presença dos veranistas faz com que mais animais precisem de atendimento no centro de reabilitação. Em dois meses, foram atendidos 34 atobás, 20 ainda estão na instituição porque não estão totalmente recuperados. As aves são 90% dos animais atendidos no local.
A sede do centro veterinário também precisa passar por reparos. O telhado, por exemplo, está em situação crítica. A ONG ainda batalha para ter um espaço próprio. Atualmente, o Proamar fica em um espaço emprestado do Centro de Estudos do Mar da UFPR, em Pontal do Paraná.
No fim de maio, um pedido foi protocolado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente para conseguir um terreno próprio. A prefeitura de Pontal do Paraná informou que agendou uma reunião com a veterinária com o objetivo de atender o Proamar “da melhor forma possível”.
Os pinguins chegam ao Brasil pelas correntes marítimas vindas do sul do continente, especialmente da Patagônia argentina.
Quem encontrar um animal desses na praia pode ligar para o Centro de Estudos do Mar: (41) 3511-8600 ou informar pelo e-mail deboralimaccr@gmail.com.
De volta para casa só depois que as aves se recolhem
O telefone da veterinária Débora Lima não para de tocar. Turistas, moradores, comerciantes, gente de todo o litoral sabe a quem recorrer quando encontram um animal debilitado. O problema é que a falta de recursos e estrutura dificulta o trabalho da veterinária que, na maioria das vezes, atua sozinha.
Aos fins de semana, ela conta com o apoio do marido, também veterinário voluntário. “Minha irmã também vai começar a faculdade de Veterinária”. A mãe de Débora entra na roda e ajuda a filha sempre que pode. “Eu como mãe sinto que tenho que ajudar. Pra poder visitá-la tem que vir aqui. Eu tenho orgulho de ver o trabalho”, conta dona Aeli Cardoso.
A rotina da veterinária de 39 anos começa cedo. O horário de chegada é por volta das 7 h e a volta para casa fica para o fim da tarde, depois que as aves se recolhem. O convite para atrair novos voluntários é constante. “Mas precisa passar por um treinamento comigo. Depois é só vir ajudar”, conta.
A história de Débora com os animais resgatados na praia começou no verão de 2002. Ela caminhava pela praia quando encontrou um lobo marinho e recebeu a indicação de levar até a ONG. Em 2008, ela decidiu cursar Medicina Veterinária para se dedicar à causa. Formada em 2013, mudou-se de Curitiba para Pontal do Sul e assumiu a liderança da Proamar. “Quando a gente vê um animal na praia, dá vontade de salvá-lo, de dar condições de voltar à natureza”, conta. (DM)
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