Após fazer uma reconstituição do atropelamento de um idoso por um ciclista sob o Minhocão, a Polícia Civil afirmou não ter dúvidas de que o acidente aconteceu em uma faixa de ônibus, fora da ciclovia.
A apuração confirma o depoimento do ciclista Gilmar Raimundo de Alencar, 45, que atropelou o aposentado Florisvaldo Carvalho da Rocha, 78, na última segunda-feira (17) em São Paulo.
Apesar de o laudo ainda não ter sido emitido, o delegado afirmou que durante a reconstituição foi possível verificar que o depoimento do autor do atropelamento estava correto. Antes, os policiais chegaram a suspeitar de que o atropelamento tivesse acontecido sobre a ciclovia.
Peritos marcaram sinais que seriam de sangue no asfalto, na faixa de ônibus, no mesmo local apontado pelo ciclista como o ponto do atropelamento. O homem agora vai responder por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), segundo o delegado Lupércio Dimov.
Para o delegado, Alencar agiu com imprudência.
“Ele estava na faixa do ônibus e isso é uma imprudência da parte dele. A vítima não teria obrigação de ter esse cuidado de visualizar uma bicicleta. Ele alegou que o pilar de sustentação [do Minhocão] atrapalhou a visibilidade dele, mas isso está sendo apurado no inquérito policial.”
O ciclista afirmou que pretendia colaborar com as investigações.
“Se eu fiz alguma conduta incorreta, preciso assumir a responsabilidade por isso”, disse Alencar. “Estou tentando contribuir. Não estou procurando quem é culpado, quem é inocente, se tem bem ou se tem mal”, completou.
Segundo o delegado Dimov, na segunda-feira (24), a polícia vai obter imagens de uma câmera que pode ter captado o acidente.
Além da reconstituição, a polícia ouviu uma moradora da vizinhança e o filho da vítima - depoimentos que não influenciaram nas investigações.
O filho da vítima, o administrador de empresas Eduardo Carvalho Rocha, 39, afirmou que continua acreditando que o atropelamento aconteceu na ciclovia.
“Eu não acredito muito nisso, acho que deve ter acertado meu pai na ilha, mas é a minha versão contra a versão dele”, disse ele, que afirmou acreditar que o ciclista seguia em “alta velocidade”.
“[O ciclista] deveria olhar ao redor e vir numa velocidade moderada, pelo menos poderia ter evitado uma tragédia dessa. Ele vai continuar seguindo o curso da vida dele, eu vou ficar sem o meu pai”, disse.
Acidente
Gilmar Raimundo de Alencar voltava do almoço, de bicicleta, para a empresa onde trabalha, na região de Perdizes. Ele afirmou que ia pela faixa de ônibus da General Olímpio da Silveira até alcançar o próximo acesso à ciclovia da avenida. Foi quando Florisvaldo da Rocha atravessou a rua, fora da faixa de pedestres. Ele morreu horas depois no hospital.
O ciclista, que usa a bicicleta como o principal meio de locomoção há cinco anos e há dois faz o mesmo trajeto – de casa, na zona leste, até o trabalho – afirmou que não estava rápido demais.
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