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A polícia do Rio prendeu nesta terça-feira (12) parte de uma quadrilha que provocou o prejuízo de mais de R$ 1 milhão em companhias aéreas adquirindo passagens com dados de cartões de crédito furtados por frentistas de postos de gasolina. O casal, apontado como líder do bando, vendia os bilhetes pela metade do preço a cerca de 80 clientes habituais, entre eles jogadores de futebol, profissionais liberais e, principalmente, militares da Marinha. Três integrantes do bando continuam foragidos e alguns dos clientes são suspeitos de terem conhecimento que os bilhetes eram obtidos de maneira fraudulenta e vão depor.

"A investigação começou em janeiro deste ano após denúncias da Web Jet. Apenas esta empresa teve prejuízo de mais de R$ 1 milhão no período de uma ano e meio com a fraude da quadrilha, que também aplicou o golpe em outras companhias aéreas", declarou o delegado-substituto da Delegacia de Roubos e Furtos, Maurício Luciano de Almeida e Silva.

De acordo com o delegado, a fraude era simples e o golpe é comum contra as empresas aéreas. O frentista José Torquato, de 46 anos, copiava os dados ou roubava os recibos de cartões de créditos dos fregueses de um posto de gasolina na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, e repassava ao casal Claudia Vasconcelos Martins, de 25 anos, e Renato Carneiro Cunha Neto, de 32 anos. "Claudia das Passagens", como era conhecida em Niterói (Região Metropolitana), vendia as passagens a clientes de todo o país por até metade do preço cobrado pelas companhias aéreas e pagava utilizando os cartões de créditos dos clientes do posto de gasolina. Neto, o marido dela, captava clientes, operava o dinheiro e também efetuava vendas, segundo a polícia.

"Quando a vítima via o extrato, cancelava a compra junto ao cartão de crédito que, por sua vez, suspendia o pagamento à companhia aérea. No entanto, muitas vezes, o passageiro já tinha embarcado", disse o delegado. Os fraudadores foram descobertos quando a polícia começou a abordar pessoas que compravam passagens com antecedência. "Abordamos estas pessoas no aeroporto e trouxemos para a delegacia. Elas alegaram desconhecer que as passagens eram obtidas de forma ilícita e revelaram quem vendia os bilhetes", contou Silva.

Em janeiro, a polícia iniciou escutas, autorizadas pela Justiça, nos telefones utilizados pela casal. Ao todo, foram sete mil horas de gravação. Cláudia vendia 20 passagens por dia e chegou a abrir um escritório de fachada em Niterói, mas operava o esquema pelo telefone de sua luxuosa cobertura no balneário de Saquarema, na Região dos Lagos. No período em que praticou o golpe, o casal acumulou um patrimônio considerável e movimentou cerca de R$ 400 mil na conta de um "laranja". Além de morar em um apartamento dúplex com piscina, o casal possuía uma moto e um carro importados.

Sem antecedentes criminais, o trio foi preso e indiciado por formação de quadrilha e estelionato, cuja pena máxima é de sete anos de prisão. Entre os foragidos, estão um homem que seria o "laranja" da quadrilha e cedia a conta corrente para receber os depósitos dos clientes; um outro frentista, que também fornecia os cartões de crédito; e um homem que captava clientes.

"Alguns clientes conversavam com Cláudia por meio de códigos. Isso pode indicar que sabiam que as passagens eram obtidas de forma ilícita. Estas pessoas estão sendo identificadas e serão convocadas para depor. Se comprovada a culpa, eles responderão por receptação, cuja pena é de até quatro anos", revelou o delegado. Nenhum dos acusados quis dar declarações.

A assessoria de imprensa da Web Jet foi procurada, mas informou que a empresa ainda decidia se iria se pronunciar sobre o caso.

ALGEMAS - Todos os presos, inclusive a única mulher da quadrilha, foram apresentados algemados. O delegado disse que conhecia a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que limitou o uso de algemas aos presos que ofereçam risco de fuga ou ameaça às pessoas. "Temos este cuidado aqui, mas não sabemos o grau de periculosidade destas pessoas. Logo, adotamos como norma o uso das algemas", justificou o policial.

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