A paralisação dos policiais civis do Paraná atinge cerca de 70% dos trabalhadores da categoria nesta terça-feira (24) e desde as 8 horas prejudica os serviços de confecção de carteira de identidade, emissão de registro de boletins de ocorrência e até investigações de crimes. A afirmação é do Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol), que, junto com o Sindicato dos Policiais Civis de Londrina e Região (Sindipol) e a União da Polícia Civil do Paraná, organiza o protesto por melhorias salariais e de condições de trabalho.
"Dos postos do Instituto de Identificação, apenas um ou outro estão funcionando para garantir que o serviço esteja disponível", diz o presidente do Sinclapol, André Gutiérrez. Em Curitiba, postos do 3º (Mercês) e do 7º distrito (Hauer) estão atendendo. No Centro, quem precisou de certidão negativa de antecedentes criminais ou de documento de identidade encontrou as portas da sede do Instituto de Identificação, na Rua José Loureiro, fechadas. Um grupo de policiais esteve em frente ao prédio durante a manhã com narizes de palhaço, apitos e buzinas para protestar.
No caso das delegacias, ele afirma que não há portas fechadas, mas diz que o atendimento nesta terça-feira ficará mais lento que o convencional. "Em média, apenas 30% dos policiais estão trabalhando no atendimento", diz Gutiérrez. "Os policiais não deixarão de atender ninguém, mas certamente haverá atrasos", prevê. "Para as investigações, o efetivo também estará reduzido e só será normalizado amanhã [quarta-feira]". A paralisação atinge as categorias de investigador, escrivão e papiloscopista.
No 1º Distrito Policial de Curitiba, no Centro, no entanto, o delegado Antônio de Campos Macedo, informou, pela manhã, que a situação está dentro da normalidade. "Estamos com um escrivão, eu, como delegado de plantão, e três investigadores no plantão, exatamente como deveria", disse. Em outros distritos contatados pela reportagem, como o 2º e o 8º, ninguém atendeu nos telefones dos plantões das delegacias no mesmo horário. Em Londrina, no Norte do estado, o atendimento à população foi suspenso e as pessoas estão sendo impedidas de entrar na delegacia.
Por volta das 14 horas, os manifestantes faziam uma caminhada pelo Centro Cívico, passando pela Assembleia Legislativa do Paraná e pelo Palácio das Araucárias, atual sede do governo do estado. A paralisação dos servidores deve seguir até as 18 horas.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) foi procurada pela reportagem, mas informou que não iria comentar a possibilidade de prejuízos no atendimento à população ou sobre qualquer assunto relacionado à paralisação dos policiais civis.
Reivindicação
Uma das principais reclamações dos policiais, que levou à deflagração da paralisação, está ligada à questão salarial. A categoria pede reposição de perdas e isonomia salarial com a Polícia Militar (PM). "O primeiro cargo da PM de nível superior tem salário de R$ 4,1 mil, enquanto na Polícia Civil o vencimento é de R$ 1.950, menos de 50%", afirma Gutiérrez. Segundo ele, a reposição salarial dos policiais militares no governo Requião foi de 217%, enquanto que os policiais civis tiveram 51%.
A categoria pede ainda a contratação de mais profissionais. Segundo estimativa das entidades policiais, o efetivo, que atualmente é de 3,3 mil, deveria ser de 6,4 mil policiais no estado. Outro problema alegado pelos policiais é à superlotação de presos nos distritos. "Preso não tem que ficar na delegacia, tem que ir para o sistema penitenciário. Do contrário, o policial deixa de ir para rua investigar para ficar cuidando da carceragem", argumenta o presidente do Sinclapol.