Embora a ação realizada na quinta-feira (13) no Camelódromo Central de Londrina, no Norte do Paraná, tenha sido motivada por um inquérito da Polícia Federal contra a pirataria em Londrina, o prefeito Nedson Micheleti (PT) atribuiu à Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil) a responsabilidade pela operação. "Considero que qualquer ação deveria ter sido de forma negociada e não como foi feito. Foi errado e quem foi precipitado nisso foi a Acil ao entrar com o pedido de intervenção no Ministério Público Federal. Foi um equívoco da Acil", alegou o prefeito.

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Em 2002, a Prefeitura locou o imóvel do Camelódromo e transferiu para lá mais de 300 camelôs que ocupavam as calçadas da Avenida Leste-Oeste e da Avenida São Paulo. O Município destinou R$ 1 milhão para que os vendedores se instalassem no local.

"Eu falei que não caberia uma ação dessa, que o correto era gradativamente ir legalizando (os vendedores) e a Acil poderia ajudar nisso. A cidade está em um momento excelente, estamos trazendo empresas para cá e caberia à Acil somar-se a isso e não fazer o contrário. A Acil poderia ter ajudado na legalização desses comerciantes, dando cursos como faz. Mas a Acil não reconhece eles como comerciantes", ressaltou o prefeito.

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Nedson ainda enfatizou que a ação aconteceu no momento que o governo federal tenta aprovar uma legislação para legalizar os produtos que entram no País. "Não é só para Londrina. No País inteiro está se buscando um caminho para legalizar. É como a 25 de março (rua de concentração de camelôs em São Paulo). Vão colocar 20 mil policiais lá?", questionou.

O prefeito também lançou um desafiou à Receita Federal e à Polícia Federal: "Não é só no camelô que tem produto pirata. A pirataria é geral. Tem de camelô a Daslu", afirmou em referência à loja de alto padrão na capital paulista investigada pela Polícia Federal por supostamente vender mercadoria contrabandeada. "Em Londrina, também tem Daslu. Eu não sei quem é a Daslu em Londrina, mas a polícia tem como saber", enfatizou. "Para combater isso, tem que ir atrás de quem produz o produto pirata, atrás da indústria da pirataria", completou.

Questionado sobre a presença de camelôs no Calçadão vendendo produtos contrabandeados e piratas, o prefeito afirmou: "Não temos novos camelôs. Há ambulantes, mas eles não conseguem se estabelecer porque os agentes da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) não permitem. Estamos agindo para que eles não se estabeleçam".

No final da tarde, o presidente da ONG Canaã, que representa os camelôs, Rogério Gonsales do Nascimento, e outros dois vendedores se reuniram com Nedson para pedir seu apoio. "Foi o prefeito quem deu força para a abertura do Camelódromo e fomos pedir a ele uma ajuda. Foi uma apreensão desordenada", reclamou Gonsales.

Outro lado

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Rubens Augusto, presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), não quis responder diretamente aos ataques do prefeito Nedson Micheleti e desdenhou das suas declarações. "Cada um fala o que quer. Temos a mesma posição de sempre: somos contra o contrabando porque não prejudica só o comércio como também a indústria. Londrina virou referência em ilegalidade e abertura de camelódromos no Paraná".

Hoje, além do Camelódromo, a cidade tem outros 12 pontos de "comércio popular". Augusto afirma que a entidade apóia a operação da Polícia Federal e da Receita Federal e que vai continuar na cobrança pela formalização do comércio ilegal na cidade: "95% desses produtos são chineses e enfraquecem a indústria brasileira e londrinense. Não aceitamos que a ilegalidade impere em Londrina". O presidente da Acil diz que não é contrário aos comerciantes do Camelódromo "mas queremos que eles trabalhem legalmente, se insiram no Supersimples (imposto simplificado para pequenos comerciantes) e fiquem competitivos como os formais. Podem trabalhar legalmente e ganhar dinheiro", declarou.