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Presos ficam em um espaço sem ventilação e fazem necessidades em garrafas pet | Divulgação/Sipol
Presos ficam em um espaço sem ventilação e fazem necessidades em garrafas pet| Foto: Divulgação/Sipol

Delegado-geral aguarda ação do governo estadual para resolver problema

O delegado-geral da Polícia Civil, Riad Braga Farah, diz que o departamento reconhece o problema de presos mantidos em delegacias. "Nós sabemos das dificuldades, mas aguardamos e confiamos em uma resolução disso por parte do governo do estado, como já tem sido feito em outras carceragens", diz.

A Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) também foi procurada e disse que, por causa da falta de mandados de prisão, esses detentos não podem ser absorvidos pelo sistema penitenciário e a guarda deles deve ser feita pela Polícia Civil. A Secretaria de Segurança Pública (Sesp) também foi procurada na noite de quinta, mas ninguém foi encontrado para falar sobre o caso.

  • Até quinta-feira eram quatro presos na carceragem improvisada

Mesmo depois de vários anúncios do governo do Paraná de que os presos seriam retirados das delegacias, alguns detentos do regime temporário permanecem na carceragem da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Curitiba. A unidade é uma das citadas no decreto do governador Beto Richa, em maio, no qual o Estado se comprometia a não manter mais presos em delegacias. O caso da "cela" da DHPP mostra o nível do problema: os presos estão em um espaço improvisado embaixo de uma escada.

Investigadores relatam que o ambiente é insalubre. Sem instalação adequada, os presos urinam em garrafas pet que, quando cheias, são esvaziadas pelos policiais e devolvidas aos detentos para serem reutilizadas. Quando necessitam ir ao banheiro, os presos têm de pedir, um a um, autorização dos policiais civis. Os investigadores temem trabalhar nessas condições porque a cela improvisada fica perto do posto de atendimento da DHPP, onde circulam várias pessoas e uma possível fuga ou revolta dos presos poderia colocar em risco quem estiver no prédio.

Na carceragem, no início desta semana, eram nove detentos e algumas remoções foram feitas nos últimos dias. Na tarde desta quinta-feira (4), três presos foram transferidos e ainda restavam quatro. O espaço, entretanto, conforme novas prisões sejam executadas, pode voltar a receber mais presos.

O diretor do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil do Paraná (Sipol), Ezequiel Ventura, diz que o principal problema na carceragem improvisada é com os presos temporários, que podem ficar detidos no máximo 30 dias. Ele explica que esses presos não são absorvidos pelo sistema penitenciário. "Esses detentos ainda não tiveram confirmação de crime. O que nós tememos é que, quando eles saírem de lá, podem procurar os investigadores e fazer algo mau para eles, se revoltarem por causa dessa situação", diz.

De acordo com Ventura, o espaço tem uma área pequena para receber os presos -– 0,5 metro quadrado. Em conversa com os presos, segundo ele, as principais reclamações são de falta de higiene e ventilação. "Os investigadores são pagos para limpar as necessidades dos presos", reclama.

Presos em delegacias

Um decreto de maio de 2014, assinado pelo governador Beto Richa determinava a remoção de 1,2 mil presos das carceragens de delegacias de polícia de Curitiba e Região Metropolitana. O artigo 2 do documento é claro ao dizer que "fica determinado o fechamento definitivo das carceragens", entre elas a do prédio da DHPP.

Em outras duas ocasiões, o governo havia anunciado o fechamento das carceragens da capital –- uma em março deste ano e outra em agosto, quando houve um ato simbólico para a retirada das grades de celas da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR).

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