Paraná terá semana decisiva
Estas segunda e terça-feiras serão dias decisivos para a possível realização de greves das polícias Civil e Militar no Paraná. As duas categorias esperam por uma contraproposta salarial do governo do estado, em uma negociação que se arrasta desde o ano passado
Greves acuam o Estado e põem em xeque o papel das polícias
A possibilidade de alastramento pelo país das greves de policiais, hoje restritas à Bahia e ao Rio de Janeiro, expõe uma crise institucional na segurança pública brasileira. Mais profundo que a questão salarial, há um dilema sobre o papel da autoridade policial no Estado
Os policiais militares da Bahia decidiram, em assembleia na noite deste sábado (11), encerrar a paralisação, que já durava 12 dias. O policial militar baiano Ivan Leite, um dos líderes sindicais, admitiu que a pressão popular foi determinante para encerrar a paralisação.
"Estávamos sendo jogados contra a sociedade", ressaltou. Segundo ele, o fim da greve foi negociado com o governo. "Estive à tarde com o comandante-geral da PM (Alfredo Castro) e conseguimos a anistia administrativa para toda a tropa grevista. Isso foi crucial para o fim do movimento."
Na sequência, Castro veio a público e negou qualquer acordo ou reunião. "Já tínhamos dado a anistia para quem não se envolveu em crimes até sexta-feira. E o ponto de quem faltou na sexta e hoje (ontem) será cortado."
Na prática, segundo o comandante, os sindicalistas aceitaram na íntegra a proposta salarial apresentada pelo Estado desde terça-feira. Eles terão 6,5% de aumento retroativo a janeiro (mesmo reajuste definido para todo o funcionalismo), além do pagamento da Gratificação por Atividade Policial do nível 4 (em novembro e abril de 2013) e do nível 5 (a ser paga em 2014 e 2015).
A proposta de obter anistia ou afrouxamento dos mandados de prisão dos líderes grevistas - cinco já cumpridos - saiu definitivamente da pauta. Oito sindicalistas ainda são considerados "foragidos". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Bombeiros do Rio adiam assembleia para definir rumos da greve
Os bombeiros do Rio, que estão em greve desde a noite da quinta-feira, adiaram neste domingo (12) a assembleia para debater os rumos do movimento. A passeata de protesto, que estava prevista para percorrer a orla de Copacabana, também foi suspensa. O ato era um repúdio contra a prisão dos líderes grevistas, entre eles o cabo do Corpo de Bombeiros Benevenuto Daciolo, preso a noite de quarta-feira.
Segundo Cristiane Daciolo, mulher do cabo, o cancelamento foi em razão do 'luto' pelas prisões. Diferentemente do ano passado, quando a população apoiou a greve, usando fitinhas vermelhas que eram distribuídas pelo comando grevista, durante o protesto deste domingo não houve qualquer participação de apoio por parte dos banhistas que estavam na praia.
Uma nova reunião foi marcada para segunda-feira, às 11h, com representantes da Comissão de Diretos Humanos da Assembleia Legislativa (Alerj) e da Defensoria Pública para tentar negociar o relaxamento das prisões. Ainda na segunda-feira, eles realizarão nova assembleia para definir os rumos do movimento.
Cerca de 150 bombeiros participaram do ato. Um ônibus especial, com placa de Niterói, levou parte dos manifestantes, a maioria deles mulheres e jovens. Uma kombi do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) levou faixas e cartazes para o protesto. Após o protesto, os bombeiros se reuniram para decidir em assembleia se a greve vai continuar. Mais cedo, Cristiane Daciolo disse que pelo menos seu marido deveria sair de Bangu 1, presídio destinado a bandidos de alta periculosidade.
"São 30 homens de bem presos como bandidos. Pelo menos eles deveriam estar no lugar certo, que é o Grupamento Especial Prisional (GEP). Meu marido está fazendo greve de fome. Desde quinta ele não come nada", afirmou.
De acordo com Cristiane, os líderes do movimento querem um encontro com a presidente Dilma Rousseff na terça-feira. "Ela deveria fazer alguma coisa. Afinal, há 40 anos ela também foi perseguida."
De acordo com Cristiane, que diz falar em nome das mulheres e famílias dos bombeiros presos, a saída da Polícia Civil do movimento não afetará a greve da corporação. O presidente do Sindicato dos Policiais do Rio de Janeiro (Sinpol), Fernando Bandeira, que tem 2.500 associados, negou que a categoria tenha saído do movimento, e desmentiu as declarações feitas na véspera pelo inspetor Francisco Chao, do Sindicato da Polícia Civil, que em coletiva anunciou a saída da Polícia Civil do movimento. A categoria está dividida e o movimento se esvazia.
No sábado, Francisco Chao afirmou que a Polícia Civil decidiu suspender a participação na greve que reúne também PMs e bombeiros. Ele afirmou que os agentes marcaram uma nova assembleia para a próxima quarta-feira, para resolver se mantêm ou não a decisão. Segundo ele, a suspensão foi decidida devido a "eventos como três ataques a caixas eletrônicos em São Gonçalo ocorridos nos últimos dias".
Um total de 187 militares já foram detidos administrativamente ou presos desde sexta-feira, primeiro dia da greve de bombeiros e policiais. Essa soma inclui 162 guarda-vidas, que ficaram detidos nos quartéis por não terem se apresentado aos seus postos de trabalho, oito bombeiros presos ontem e 17 PMs que já estão na cadeia desde anteontem.
Cento e vinte e três guarda-vidas foram detidos administrativamente na sexta-feira e 39 ontem. A prisão administrativa vale por 72 horas. Além disso, 11 mandados de prisão foram emitidos ontem contra 11 bombeiros, líderes do movimento grevista, e oito foram cumpridos. Esses cabeças da greve foram levados para o presídio Bangu 1, onde já se encontra, desde quinta-feira, o cabo do Corpo de Bombeiros Benevenuto Daciolo.
Além desses bombeiros, estão presos desde sexta-feira 17 policiais militares. Desses, dez $ão considerados líderes do movimento e também foram levados para Bangu 1. Ainda há um sendo procurado. Outros sete policiais militares estão no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica.
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