O primeiro dia em que o acesso às 62 linhas de micro-ônibus de Curitiba passou a ser permitido apenas com cartões transporte teve uma manhã sem grandes problemas nesta sexta-feira (1º). Usuários de micro-ônibus e também de outras linhas puderam comprar cartões provisórios com créditos e também recarregar os cartões tradicionais em bancas de jornal espalhadas pela cidade. Poucos pontos tiveram filas, mas em alguns locais faltaram créditos porque os donos de bancas podem comercializar apenas aquilo que adquiriram previamente com a Urbs.
Veja fotos do primeiro dia em que entrada nos micro-ônibus passou por mudanças
Dino César Mattos, diretor do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), acompanhou durante toda a manhã a movimentação no Centro da capital paranaense. Ele disse que alguns passageiros ficaram nervosos por não poder entrar nos micro-ônibus utilizando dinheiro, mas que não presenciou nenhum tumulto maior por causa disso. "Pude ver alguns problemas pontuais, mas nada que não possa ser ajustado. O importante é que melhorou a segurança do trabalhador".
A mudança faz parte de um pacote de melhorias no sistema de bilhetagem eletrônica da Rede Integrada de Transporte (RIT) anunciado pela Urbs no último dia 10. Mas a alteração no sistema, antes de mais nada, resolve uma determinação da Justiça do Trabalho que veda a dupla função em micro-ônibus. Uma lei impede que motoristas exerçam o papel dos cobradores (a chamada dupla-função).
A Urbs, via assessoria de imprensa, disse que não registrou problemas na operação da RIT.
Usuários e dono de banca se adaptam a novo sistema
José Autenísio, 45 anos, é dono da Banca Carlos Gomes, que fica na praça que dá nome ao estabelecimento. O local tinha bastante movimento pela manhã, a maioria de pessoas que recarregavam o cartão convencional do transporte. "Estou tentando me informar ao máximo, porque as pessoas sempre têm dúvidas. O que ainda não foi possível saber é quanto crédito eu preciso comprar, porque só podemos vender a quantia que compramos na Urbs. Isso é um problema, é difícil quem tenha dinheiro disponível."
O proprietário da banca também explicou que recebe R$ 1 por operação, independentemente do valor. Ele comparou o exemplo de alguém que compra cinco passagens e de alguém que compra 100 passagens. Mesmo que ele tenha investido R$ 270 na compra de 100 passagens, ele vai receber R$ 1 por essa operação. É o mesmo que ele recebe por vender, por exemplo, cinco passagens, que custam a ele R$ 13,50. "Esse movimento de dinheiro também aumenta o nosso risco de assalto, ainda estamos nos adaptando a todas essas coisas."
A usuária do transporte coletivo Arcilene Cassia de Machado tem um cartão-transporte convencional se queixou do fato de não ter como recarregar nos terminais. "Gostar, eu não gostei, porque causou um transtorno a mais para quem quer pegar o micro-ônibus e está sem cartão. Deveria ter como comprar crédito nos terminais também. Bom foi para o motorista, porque antes era ruim para dirigir e fazer troco."
Já para Carla Winnikes, auxiliar administrativa, pegar o ônibus nesta manhã foi um malabarismo. Sem créditos no cartão-transporte, ela teve de pegar o do marido emprestado para poder chegar ao Centro. "Eles deram pouco tempo, deveria ter sido dado um prazo maior para que todos pudessem se adequar a tempo. Agora vou ter que comprar um cartão para deixar de reserva em casa para alguma eventualidade, porque meu marido quase não usa ônibus."
Nos 15 minutos em que a reportagem ficou na banca, apenas uma pessoa comprou um cartão provisório. A estudante Bárbara Caio Walker comprou por R$ 3 o cartão e recarregou cinco passagens. "Achei uma boa ideia, antes tinha que ir lá recarregar na Urbs. Agora a gente tem dinheiro e pode passar na banca, comprar créditos mais vezes."
Usuários compram passagens de ônibus em bancas
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