Os professores da rede estadual de ensino, em greve há 75 dias, decidiram nesta sexta-feira (29) manter a paralisação. A decisão foi tomada em assembleia na avenida Paulista. Alguns membros da Apeoesp (sindicato docente) chegaram a defender o fim da greve, mas a maioria votou pela continuidade. A próxima assembleia será no dia 3.
“Não há como negar o arrefecimento do movimento, o governo está descontando o salário. Mas os professores querem continuar. E a adesão ainda está em 30%, não é pouco”, disse a presidente do sindicato, Maria Izabel Noronha.
“Mas acho que temos de analisar nestes próximos dias a adesão e a forma de reposição” disse Noronha.
Após a assembleia que aconteceu no vão-livre do Masp (Museu de Artes de São Paulo), os manifestantes iniciaram uma passeata, fechando a pista sentido Consolação da avenida Paulista. O grupo deve seguir pela Consolação até a praça da República.
A greve na maior rede de ensino do país, com 4 milhões de alunos, se aproxima da mais longa da sua história - a mais longa durou 80 dias, em 1989. Com a manutenção da greve, até a última assembleia, a atual paralisação vai, no mínimo, se igualar à mais longa da história.
O sindicato já considera a atual paralisação a maior greve da historia, pois a contagem da entidade começa no dia da aprovação da paralisação, três dias antes do início efetivo da greve. Por essa contagem, na próxima assembleia, serão 83 dias de greve.
No levantamento da Apeoesp (sindicato docente), a adesão dos professores à paralisação era de mais de 60% em abril. O governo rebaixou sua estimativa na quinta-feira (28), de 5% para 4%.
A presidente do sindicato calculou em 20 mil o número de manifestantes nesta sexta - a PM aponta 300. Semana passada a estimativa dos organizadores foi de 30 mil.
Os grevistas pedem reajuste de 75,33%, percentual suficiente para equiparar o salário dos professores ao dos demais profissionais com ensino superior no Estado, nos cálculos do sindicato.
O governo não apresentou proposta de aumento. Diz que divulgará um plano entre junho e julho, quando o último reajuste completar um ano. A gestão Alckmin alega ainda que concedeu 45% de reajuste em quatro anos.
Parte desse percentual, porém, se refere à incorporação de gratificação ao salário-base, que beneficia aposentados (que não ganham gratificação), mas tem impacto quase nulo para servidores ativos.
Além disso, nos quatro anos, a inflação foi de 16%, segundo o indicador IPC-Fipe, em São Paulo. O governo afirma ainda que precisa de mais tempo para avaliar a situação econômica do Estado.