A maioria do manifestantes tentou impedir os atos de violência no Palácio Iguaçu fazendo um grande cordão de isolamento e gritando "Sem vandalismo" em coro. O portão e uma parede da sede do governo foram pichados. Após tentativa de quebrar um portão, os policiais que estavam posicionados do lado de dentro saíram e se postaram em frente, com escudos e armas em punho. Os exaltados jogaram garrafas e pedras na direção dos policiais e da imprensa.
Boa parte dos manifestantes pacíficos começou a deixar a sede do governo por volta das 21 horas. Um grupo de cerca de mil pessoas, segundo a OTV, foi à Urbs. O clima no local foi pacífico. Thassiane Grassi, estudante de 15 anos, se ajoelhou em frente ao Palácio. "Eu luto pela paz", anunciou.
Trajeto
Embaixo de chuva, os manifestantes se concentraram na Boca Maldita às 18 horas e seguiram por ruas do Centro da cidade, deixando o trânsito complicado em toda a região central. A presença de partidos políticos provocou uma cisão entre os integrantes do protesto. A marcha original, que é apartidária, se distanciou de um grupo que se auto-intitula "Frente de Esquerda" e conta com membros de partidos e de movimentos sociais.
Os manifestantes chegaram em frente à Prefeitura de Curitiba por volta das 19h35. Em clima pacífico, eles colaram cartazes no prédio com pedidos de mais investimentos em saúde e educação. "Dilma, me chama de Copa do Mundo e investe em mim, assinado: Saúde e Educação", dizia um cartaz. Palavra de ordem entre os manifestantes foi "sem violência", para que não houvesse depredação do prédio público.
Duas frentes
Houve uma cisão entre os manifestantes no início do protesto. Eles se dividiram em dois grupos. Um grupo que se auto-intitulou Frente de Esquerda levou bandeiras e recebeu vaias da maior parte dos manifestantes, que é contra a presença de partidos políticos no protesto.
O grupo apartidário saiu da Boca Maldita por volta das 18h20 e seguiu pela Rua Desembargador Ermelino de Leão. Às 18h30, eles bloquearam totalmente a Rua Cruz Machado e chegaram à Praça Tiradentes. Depois continuaram pelas ruas Monsenhor Celso e Tobias de Macedo, até entrarem na Rua Riachuelo. Neste momento eles se encontraram com a Frente de Esquerda, que vinha do calçadão da XV de Novembro.
Os dois grupos caminharam juntos apesar de manterem certa distância entre um e outro até a Praça 19 de Dezembro (do Homem Nu), onde vários grupos partidários aguardavam a marcha. Depois seguiram pela Avenida Cândido de Abreu em direção à Prefeitura de Curitiba.
Aparentemente, muitas manifestantes não sabiam da divisão entre as duas marchas. Apesar de andarem juntos, os membros dos partidos políticos andavam na frente e os apartidários seguiamm atrás, mantendo uma distância de cerca de um quilômetro entre um e outro. Os apartidários gritavam "Sem partido!". Os vinculados a partidos gritavam "Sem tarifa!".
O estudante de Direito Luiz Meineros, 24 anos, é argentino e está há um mês viajando pelo Brasil. Ele diz que está surpreso com o número de pessoas na marcha. "Acha estranho porque não entendo qual é a bandeira principal do grupo", comentou.
A Frente de Esquerda tem integrantes de agremiações partidárias, do PCB, União Comunista Jovem do Brasil, do Movimento Sem Terra e da CUT.
PM
Segundo o Coronel Milton Fadel, da PM, não foi usada nenhuma bomba de efeito moral ou balas de borracha para conter o grupo que tentou depredar o Palácio Iguaçu. "Tivemos parcimônia para que o grupo fosse se enfraquecendo sozinho", afirmou. Sete pessoas foram detidas e encaminhadas à delegacia.
Até às 22h30, não havia sido divulgado o número de policias que participaram da operação. De acordo com o coronel Fadel, o número foi "suficiente para manter a ordem".
Redução da tarifa
Mais cedo, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) anunciou a redução na tarifa de ônibus de R$ 2,85 para R$ 2,70. Integrantes da Frente de Luta pelo Transporte de Curitiba afirmam no Facebook que vão continuar protestando até a tarifa baixar para R$ 2,60 e R$ 1 aos domingos.
A organização do protesto pediu que os participantes prezassem pelos moldes da que ocorreu na última segunda-feira, zelando por uma manifestação pacífica. A Polícia Militar acompanhou a manifestação à distância. Agentes à paisana foram infiltrados na multidão para evitar tumultos. Equipes da Setran acompanharam a movimentação e orientaram o trânsito nos locais por onde passavam os manifestantes.
Atos aconteceram por todo o Brasil nesta quinta-feira (20), no que foi instituído como o Dia Nacional de Lutas Contra o Aumento das Passagens. Além da diminuição das tarifas do transporte público, eles protestam contra a corrupção, contra os problemas dos serviços públicos de saúde, educação e segurança, contra a PEC 37 (que tira o poder de investigação do Ministério Público), contra os gastos excessivos nas obras da Copa do Mundo, entre outros.