O hospital em Salvador onde está internado o garoto de dois anos com agulhas pelo corpo divulgou nota no fim da tarde desta segunda-feira (21) informando que o estado de saúde dele está estável. Segundo a nota, o menino está sendo acompanhado por psicólogos do hospital. Ele não tem mais febre, respira sem a ajuda de aparelhos e já começou a comer alimentos sólidos.
O menino não pode sair da cama desde que passou pela primeira cirurgia para a retirada de quatro agulhas, na sexta-feira (18). Em companhia da mãe, ele ganhou brinquedos de funcionários do hospital e de pessoas que foram visitar outros pacientes. Os presentes e a televisão da UTI ajudam a distraí-lo enquanto espera pela segunda cirurgia, que deve acontecer nesta semana, mas ainda não tem data definida.
A segunda cirurgia para retirar mais agulhas - desta vez, no abdome, localizadas na bexiga e no intestino -, foi adiada na noite de domingo. "Vamos acompanhar a evolução dele e essa avaliação será feita diariamente. Há uma chance de ele ser operado na quarta-feira, mas ainda precisamos ver até lá como ele se comporta, se tem alguma febre ou evidência de infecção, por exemplo", disse ao G1 Roque Aras, diretor-médico do Hospital Ana Neri. Nesta segunda, o garoto passou por exames de rotina.
Primeira cirurgia
A equipe médica retirou, na sexta-feira, quatro agulhas do corpo do menino, em uma cirurgia que durou cerca de cinco horas. O procedimento foi considerado bem-sucedido.
Foram retiradas duas agulhas que perfuraram o pulmão esquerdo e outras duas que ameaçavam o coração do menino. Também foi feita uma correção da válvula mitral, atingida por uma das agulhas que ameaçavam o coração.
A equipe médica teve que abrir o tórax da criança, para trabalhar num pulmão e no coração. O sangue foi bombeado com a ajuda de aparelhos. Pinças foram usadas para retirar as agulhas que comprometiam órgãos vitais.
Cinco médicos, ente cirurgiões, cardiologista e pediatras participaram do procedimento cirúrgico.
Ritual
De acordo com a polícia, o padrasto e duas mulheres são suspeitos de enfiar as agulhas no corpo da criança como parte de um ritual religioso. Os três estão presos. Ao Fantástico, o padrasto disse que comprava as agulhas para a suposta amante enfiar no corpo do garoto. Eles seriam orientados por uma religiosa. As duas mulheres negaram envolvimento.
"Colocava um pouquinho de vinho mais forte e água e dava ao menino. Ele bebia e desmaiava. Aí, colocava as agulhas", contou o padrasto. "Fiz isso duas ou três vezes por semana, durante um mês."