Após três dias de angústia, os pais da publicitária curitibana Mônica Vassão enfim conversaram com a filha pelo telefone. Mônica havia feito o último contato na madrugada de quarta-feira, dia 31 de agosto, relatando uma situação desesperadora entre as 23 mil pessoas que foram abrigadas no estádio Superdome, em Nova Orleans.
A mãe da publicitária, Vera Vassão, conta que a curitibana estava muito emocionada e cansada. "Ela chora muito, está muito abalada. Ela passou momentos de terror lá dentro (do estádio). Ela está com muitas dores e só quer descansar", relata. Mônica está em um hotel em Dallas, onde chegou às 8h30 (horário de Brasília). Antes de entrar em contato com a família, Mônica tomou um longo banho, como conta a mãe, após sete dias sem poder fazer sua higiene pessoal.
No caminho até Dallas, Mônica ainda presenciou uma nova tragédia. O ônibus que estava na frente do veículo que a transportava, com cerca de 50 desabrigados que também estavam em Nova Orleans, capotou no norte da cidade de Lafayette, na Louisiana. Um homem morreu e outras 12 pessoas ficaram feridas. "Quando eu pensei que tinha saído do sofrimento ainda vi isso", disse Mônica para a mãe sobre o acidente na estrada.
A viagem a Dallas também foi marcada pela solidariedade aos desabrigados na manhã deste sábado. "Ela disse que chorou muito. As pessoas estavam dando alimentos e água durante o trajeto", conta a mãe de Mônica.
Momentos de terror
Na conversa pelo telefone, Mônica contou para a mãe que foi muito discriminada nas horas que passou dentro do estádio Superdome. "Ela disse que elas (Mônica e Letícia) foram muito discriminadas por serem brancas e por serem de fora. Não deixavam os alimentos chegarem até elas", revela. E complementa: "Elas tinham que dormir sentadas em cadeiras, isso quando deixavam. Se pegassem a cadeira elas não podiam falar nada. Era uma guerra interna", afirma.
Segundo Vera, Mônica e Letícia foram resgatadas do estádio discretamente. "Quando o Exército chegou, elas tiveram que sair escondidas para não acontecer nada pior", diz. E afirma aliviada: "Graças a Deus ela saiu dessa".
Angústia e ansiedade
A empresária e o marido, Josemil Vassão, passaram uma semana de muita angústia. "A gente não dormia, não comia. O desespero era muito grande. Meu marido emagreceu quatro quilos", diz Vera. Os negócios na editora que são proprietários na capital foram deixados nas mãos de outros funcionários da empresa e a atenção toda voltada para Mônica.
Agora que puderam ouvir a voz da filha e se certificar de que está tudo bem, a rotina deve ser retomada. "Normal, normal vai ficar só quando ela estiver aqui. Mas segunda-feira a gente volta a trabalhar. A gente está podendo rir agora", afirma Vera, demonstrando muita alegria.
Segundo Vera, a filha deve vir para o Brasil no dia 13 de setembro, junto com a amiga mineira Letícia Figueiredo. Mônica afirmou para a reportagem do jornal Gazeta do Povo na manhã deste sábado que deve passar uma semana na cidade, mas que a data da viagem ainda não está confirmada. Vera está ansiosa para o reencontro. "A gente precisa disso".
Agradecimento
Na entrevista à Gazeta do Povo Online, na manhã deste sábado, Vera Vassão fez questão de agradecer o apoio da imprensa de um modo geral. "Estou muito feliz com a imprensa do mundo. Com a divulgação, senti que deram preferência para o resgate da Mônica e da Letícia. Graças à mídia brasileira a minha filha está viva", afirma a empresária.
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