Cleber Salazar continua preso
A Justiça negou, nesta quinta-feira (12), o pedido de habeas corpus para Cleber Salazar, preso desde segunda-feira (9), sob a acusação de participação em fraudes nas bombas de postos de combustíveis. Além de permanecer detido temporariamente, o juiz da vara de inquéritos policiais concedeu a prorrogação da prisão, inicialmente prevista para cinco dias, por mais cinco dias, após o pedido do MP-PR.
- Justiça nega habeas corpus a Cleber Salazar e prorroga prisão temporária
- Dono de postos questiona informações do MP e nega irregularidades
- Mesmo sem nota fiscal, consumidores podem buscar seus direitos contra postos de combustíveis
- MP divulga lista com dez postos com irregularidades
- Ipem-PR vai vistoriar lacres nos 43 postos clientes da Power Bombas
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) corrigiu, nesta quinta-feira (12), uma informação passada na tarde de quarta-feira (11) pelo próprio MP, após a divulgação da lista de dez postos de combustíveis com irregularidades comprovadas. De acordo com o coordenador estadual do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Leonir Batisti, os postos Trapézio, Ilha Verde, Corso e Auto Posto Midas Sítio Cercado não eram clientes da Power Bombas, de Cleber Salazar.
O MP-PR conferiu os dados passados pela empresa de Salazar ao Ipem-PR, órgão responsável pela fiscalização, e comprovou que os quatro postos citados anteriormente como clientes da empresa nunca solicitaram os serviços de Salazar. Mesmo assim, Batisti voltou a afirmar que os quatro apresentaram problemas de qualidade de combustível em testes realizados no dia 14 de dezembro do ano passado.
Nesta sexta-feira (13), o advogado do Auto Posto Midas Sítio Cercado, Daniel Boscardin, afirmou desconhecer a empresa Falcão Bauer, que teria feito os testes de dezembro a pedido da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF). Segundo o advogado, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) realizou testes no dia 20 de dezembro e não constatou irregularidades. Ele também reafirmou que o Auto Posto Midas nunca contratou os serviços de Salazar e informou que essa informação já reduziu de 20% a 30% o movimento no posto.
Durante a tarde de quinta, o proprietário dos postos Trapézio e Corso, Marcelo Iwakura, já havia questionado a informação de que seus postos contrataram a empresa de Salazar. Iwakura ainda negou qualquer tipo de problema nos dois estabelecimentos.
Iwakura reclama que não há provas sobre a denúncia apresentada pela Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) a partir dos testes realizados no fim do ano passado pela empresa Falcão Bauer. "Estou no Trapézio há nove anos, nunca tive qualquer problema e não sei o motivo para o posto ser colocado na lista." O proprietário ainda afirmou que está sendo prejudicado com a ampla divulgação dos nomes dos postos. De acordo com Batisti, assim como os postos atendidos por Salazar não necessariamente apresentavam irregularidades, outros que não contavam com o serviço dele podem ter problemas.
O coordenador do Gaeco ainda informou que a lista não deverá aumentar, porque foi elaborada a partir de testes concluídos no ano passado. Até segunda-feira (16), o órgão deve divulgar uma lista informando quais os postos, entre os 44 que eram atendidos por Salazar (anteriormente havia a informação de 43 estabelecimentos), que apresentaram lacres violados nas bombas em fiscalizações do Ipem-PR realizadas entre quinta-feira (12) e sexta-feira (13). A violação dos lacres é apontada como um indício de fraude nas bombas.
Defesa
O gerente do Posto Flórida, Edirlei Calegari Alves, afirmou que não tem conhecimento do teste sobre a qualidade do combustível. "Não temos conhecimento dessa coleta da amostra para avaliação. Não temos nenhum laudo", disse o gerente. Sobre a quantidade, Alves disse que foi constatado que três blocos (peças dentro da bomba por onde passa o combustível) de etanol apresentaram vazamento, das 26 fiscalizadas. "O problema é de vazamento no bloco e não com os bicos", argumentou o gerente.
No Posto Pinheiro, o gerente do estabelecimento, Gerson Lemes, afirmou que não foi feita vistoria e que não havia irregularidades no local. "Não sabemos o motivo de o posto ter sido colocado na lista divulgada pelo Ministério Público", afirmou Lemes.
Acyr José Messias, gerente do Posto Ilha Verde, disse que o posto nunca foi notificado ou autuado pelos órgãos de fiscalização. Segundo ele, o controle de qualidade do combustível é feito constantemente e nunca houve problemas. "Temos os laudos da ANP (Agência Nacional de Petróleo) e do Inmetro informando que está tudo de acordo no posto", afirmou o gerente.
Denúncias
A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com os demais postos citados pelo Ministério Público. Nos postos Arrancadão e Paladium, funcionários informaram que os responsáveis que poderiam comentar as denúncias não estavam presentes na tarde de quarta-feira, mas poderiam ser localizados na manhã desta quinta-feira. Em novo contato telefônico, o gerente do posto Arrancadão não foi localizado nesta manhã. Ninguém atendeu aos telefonemas no posto Paladium nesta quinta-feira.
No posto Jockey, ninguém atendeu aos telefonemas feitos por volta das 19h30 de quarta-feira e nem por volta das 10 horas desta quinta-feira. No posto Victória, no Alto da Rua XV, o número de telefone informado na lista telefônica consta como inexistente.
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