Por enquanto, a caloura do curso de análise de sistemas Priscila Vieira Rezende Muniz, 18 anos, não quer voltar à faculdade. Grávida de três meses, ela ficou internada de segunda (9) para terça (10) após ter sido queimada com uma mistura de gasolina e creolina jogada por uma veterana.
"O mínimo que deveria acontecer com essa pessoa é ser expulsa da faculdade", afirma Priscila, que já teve alta do hospital. "Eu não vou aparecer na faculdade porque não sei o que pode me acontecer. Vou esperar mais um pouco ainda. Prefiro não correr esse risco", diz.
O trote violento ocorreu na calçada da Fundação Municipal de Educação e Cultura (Funec), em Santa Fé do Sul, no interior de São Paulo.
Em nota, a instituição lamenta o incidente e afirma que aguardará o esclarecimento do ocorrido pela polícia para tomar as medidas cabíveis.
Muito rápido
"Eu estava a dois passos do lado de fora da catraca da faculdade. Tinha segurança e guardas civis do lado de dentro, mas ninguém do lado de fora. E foi tudo muito rápido."
Ela conta que a veterana, que é do curso de pedagogia, já havia ameaçado jogar alguma coisa antes. "Ela disse: Se eu não te pegar hoje, te pego amanhã. Então, eu corri de volta para dentro da faculdade e esperei um pouco. Saí de novo e aí então ela jogou", lembra.
"Na hora, senti um mal estar muito forte por causa do cheiro. Pensei logo na criança. Nem senti a queimação naquele momento. Fiquei tonta e sentei um pouco num banco", conta Priscila.
"Logo depois, as minhas costas e as minhas pernas começaram a queimar e, aí, a minha amiga levantou a minha blusa e viu as queimaduras. Os veteranos do meu curso foram tirar satisfação com essa menina, mas ela nem deu bola."
Priscila conta que, quando chegou na faculdade, disse aos veteranos do seu curso que estava grávida e eles nem chegaram a pintar o seu rosto.
A amiga de Priscila ligou para o pai da jovem, que a levou para o hospital. Ela ficou internada até terça-feira. "O médico disse que o bebê está bem, mas vou fazer um ultrassom na quinta ou depois para ter certeza. Fiquei muito preocupada."
As queimaduras nas costas e nas coxas ela tem tratado com pomada. "Espero que não fique nenhuma marca, porque as manchas estão bem grandes", diz.
Processo
Segundo a estudante, a família já contatou um advogado para processar a garota que jogou o líquido. "Ela não tem nem como negar. Tenho quatro testemunhas", disse.
"Nunca imaginei que pudesse acontecer algo assim. Fui para conhecer a faculdade, estou super empolgada com o curso, que eu sempre quis fazer, e, aí, acontece isso", diz, indignada. "Com certeza essa pessoa sabia o que tinha nas mãos. Algo com aquele cheiro forte bem não vai fazer."
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