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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A ocupação do campus central da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) deve acabar nesta segunda-feira (21). O grupo de alunos que invadiu a instituição confirma que todos já foram notificados sobre o pedido de reintegração de posse da universidade, ainda no sábado (19). Os estudantes afirmam que pretendem deixar o prédio pacificamente e sem resistência, mas apenas quando houver a presença de agentes da Polícia Federal (PF). A força policial seria uma maneira de garantir a integridade física dos alunos, que temem represálias dos grupos contrários à ocupação.

Contudo, até 15 horas desta segunda, a PF ainda não havia mandado efetivo para acompanhar a saída dos alunos. Mais cedo, uma equipe esteve no local, mas para dialogar com membros da Reitoria da UTFPR. Conforme Sandroney Fochesatto, Pró-Reitor de Planejamento e Administração da Universidade, a reunião foi breve e com o objetivo de “situar” os agentes sobre a ocupação. Além de pedirem um relato sobre o histórico do protesto e sobre a situação no interior do campus, a polícia pediu a indicação nominal do líder do movimento. Fochesatto, no entanto, disse aos jornalistas que a UTFPR dialoga com o movimento sem identificar os participantes, mas não informou sobre algum prazo definido em relação à reintegração de posse porque se trata de uma medida judicial sem a interferência da instituição.

Em frente ao campus o clima é de tensão desde o início da manhã. No portão que dá acesso à Universidade pela Avenida Silva Jardim, manifestantes fizeram durante muito tempo um cordão humano para evitar a aproximação de alunos que são favoráveis à desocupação. Muitos professores estão no local, em uma tentativa de acalmar os ânimos, porque a hostilidade entre os grupos de alunos que são favoráveis e contrários ao movimento é grande.

Fochesatto afirma ainda que a maior preocupação da reitoria é de que não haja enfrentamento. “Estamos negociando desde sábado e os alunos nos avisaram que deixarão o prédio em caso de reintegração, agora cabe à PF, é uma questão judicial”, diz. Segundo ele, no último contato feito com o movimento, na noite deste domingo (20), os alunos voltaram a afirmar que “preferem que a reintegração se cumpra””.

Desde o começo do dia, há duas viaturas da Polícia Militar (PM) nas proximidades do campus, nas avenidas Silva Jardim e Sete de Setembro. Dez membros da OAB-PR saíram da UTFPR no início da manhã, mas se limitaram a falar que não tem mais informações e que não houve decisão por parte dos alunos.

Por causa da invasão, as aulas desta segunda-feira (21) foram adiadas. Os professores explicaram, ainda no domingo (20), que todas as atividades previstas, inclusive provas, foram suspensas. O grupo de docentes ainda não se pronunciou sobre os outros dias da semana e disse que vai se reunir para discutir sobre como os dias perdidos serão repostos.

Alunos montam o ‘camarote da desocupação’

Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Alunos da UTFPR que são contrários à ocupação da instituição montaram um ‘camarote da desocupação’ em frente ao câmpus. O aluno Rodrigo Teixeira, de 26 anos, está terminando o curso de engenharia da computação e tem a apresentação do trabalho de conclusão de curso marcada para a semana que vem. Outro estudante, que se identificou como João Pedro, também de 26 anos, deve apresentar o seu TCC nesta sexta (25). Os dois temem um eventual adiamento das bancas e são contrários à ocupação. “É um desrespeito porque isso [ocupação] não representa a maioria da universidade, tem integrantes secundaristas, da Federal [UFPR]. Tem poucos da UTFPR nessa ocupação”, diz.

O grupo de alunos contrários à ocupação segue nos arredores do câmpus. Lucas Vidal, de 22 anos, cursa sistemas de informação e é membro do movimento UTFPR Livre, critica a ocupação. Para ele, os estudantes que invadiram a universidade na sexta-feira (18) ‘passaram por cima’ de duas assembleias organizadas pelo DCE, nas quais só houve debate de paralisação e não de ocupação. “Essa invasão corrobora o fechamento da UTFPR na semana passada, antes do Enem, quando o Romano [Cezar Augusto Romano, diretor-geral do câmpus Curitiba] mandou fechar com medo de invasão. Eles bradavam que não iam invadir e agora invadiram”, diz.

Entenda o caso

Cerca de 70 pessoas tomaram o câmpus Curitiba da UTFPR, na Avenida Sete de Setembro, por volta das 23 horas de sexta-feira (18). O ato ocorreu logo depois do último horário de aulas. Discutida em assembleias internas em dois momentos, a ocupação do campus Centro da UTFPR havia sido descartada pela maioria dos estudantes.

Uma foto publicada pela página “Ocupa UFPR”, no Facebook, mostra duas pessoas com rosto coberto usando blocos de concreto para obstruir uma porta do prédio. Parte do grupo que participou da tomada do campus usava máscaras.

Em outra página do Facebook, “Ocupa UTFPR - CWB”, foi apresentado um manifesto que seria do grupo que tomou o prédio da universidade, dizendo ser “parte do movimento estudantil da UTFPR”. A presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UTFPR, Ana Carolina Spreizner, disse à Gazeta do Povo que o grupo é composto por estudantes ligados a movimentos independentes. Ou seja, sem ligação a centros acadêmicos ou ao diretório.

Na noite de 4 de novembro, a direção da UTFPR chegou a determinar a evacuação do campus Curitiba para evitar que o prédio fosse invadido. A medida foi tomada para garantir a realização no local do Enem, que ocorreria nos dois dias seguintes. A prova foi aplicada sem problemas.

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