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Uma estudante, de escola pública, diz que está no terceirão e durante todo o ensino médio a prioridade do professor de Língua Portuguesa tem sido a resolução de questões de vestibulares. Pergunta-me o que acho.

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Complicado avaliar o trabalho de um colega. Não por uma questão de corporativismo, mas porque o trabalho em sala de aula é permeado por dinâmicas que escapam aos que se plantam de fora apenas para julgar. Da resolução de uma questão de regência, por exemplo, pode surgir uma ótima discussão sobre a diferença entre fala e escrita, sobre a abordagem feita pelos instrumentos normativos em oposição aos materiais cuja preocupação é descrever determinados fenômenos de linguagem. O tamanho da sala de aula é proporcional à capacidade do professor.

Pontualmente, parece-me louvável a preocupação dele com o desempenho de seus alunos no vestibular. Ele se preocupa em colocar a universidade no imaginário de meninos e meninas que, talvez, nem sonhassem com uma vida acadêmica. Minha experiência em cursos preparatórios mostra que a resolução de provas anteriores é um ótimo caminho. Dependendo da situação, do objetivo a ser alcançado, a repetição sistemática é extremamente benéfica. Evidentemente, não o será se tomada como parâmetro – ou único – de uma educação reflexiva, crítica e ativa. Como se diz: cada caso é um caso.

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Apenas faço uma observação bastante óbvia, assunto tratado mais de uma vez neste espaço. A escola, seja ela pública ou privada, deve ir além do vestibular. Para ficar apenas na minha área de conhecimento e de atuação, lembro, desnecessariamente, que a riqueza da nossa língua e a da nossa literatura não cabe em nenhum processo seletivo. É impossível um exame avaliar todas as habilidades que uma boa escola desenvolve em seus alunos. Há discussões que podemos propor aos nossos alunos que jamais vão cair no vestibular, em prova alguma. Mas são importantes para a vida.