Cerca de 100 mil manifestantes ocuparam toda a extensão da Avenida Rio Branco duranteprotesto na noite de ontem| Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Repressão

MP vai investigar ação da PM em protesto no entorno do Maracanã

Folhapress

O Ministério Público do Rio de Janeiro vai investigar se a Polícia Militar cometeu abusos ao conter a manifestação no entorno do estádio do Maracanã, na zona norte, pouco antes da partida entre Itália e México pela Copa das Confederações no domingo.

O promotor Paulo Roberto Melo Cunha Júnior, em reunião com o subcomandante do Batalhão do Choque, major Adriano Rodrigues, pediu ontem que a polícia filme as próximas manifestações para que as imagens sejam incluídas na investigação preliminar para apurar os indícios de irregularidades.

Este procedimento determinará a necessidade de abertura de inquérito.

Em nota, o MP afirmou que a polícia já posicionou câmeras em pontos estratégicos para gravar a manifestação que toma o centro da capital fluminense. A assessoria de imprensa da PM não confirmou a instalação dos equipamentos.

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100 mil pessoas ocuparam pacificamente as ruas do centro do Rio de Janeiro de acordo com especialistas da Coppe/ UFRJ.

50 policiais do 5ºBPM atuaram na segurança do evento. Houve confronto e cinco policiais ficaram feridos.

60 advogados se colocaram à disposição para agir em caso de prisões ilegais. Entretanto, não houve registro de casos.

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O centro do Rio de Janeiro foi palco da maior passeata da série de protestos contra o aumento no preço das passagens de ônibus ocorrida no país. Cerca de 100 mil pessoas ocuparam pacificamente as ruas do centro da capital fluminense, de acordo com especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Com flores nas mãos, os manifestantes caminharam da Candelária, pela Avenida Rio Branco em direção à Cinelândia.

No início do protesto, houve um princípio de tumulto entre representantes de partidos políticos, que começaram a vaiar uns aos outros, mas foram rechaçados. "Nenhum partido tutela este protesto", afirmou um dos coordenadores da manifestação, do alto do carro de som.

Boa parte dos manifestantes estava de branco. Eles ocuparam toda a extensão da Avenida Rio Branco, uma das principais da região, para gritar também por outras causas: eles são contrários ao uso de dinheiro público nas obras preparatórias para a Copa do Mundo de 2014 e reclamam da má qualidade dos serviços públicos.

Durante o percurso, a passeata ganhou o apoio de muitas pessoas que ainda trabalhavam em escritórios localizados na via ou esperavam o fim da manifestação para ir para casa. Eles lançaram papel picado pelas janelas, em sinal de apoio, e os manifestantes agradeciam. "Quem apoia acende a luz", gritavam da rua, e as luzes piscavam nos escritórios.

Os manifestantes tiveram respaldo de advogados que se colocaram à disposição para agir em caso de prisões ilegais e de estudantes de medicina que se ofereciam para atender possíveis feridos.

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Tensão

A manifestação no Rio, que transcorreu de forma pacífica por mais de duas horas, começou a ficar tensa quando um pequeno grupo se aproximou da sede da Assembleia Legislativa. Lá, alguns manifestantes jogaram morteiros contra policiais, que ficaram encurralados próximo à porta do prédio. Esses manifestantes colocaram fogo nas escadarias e os policiais reagiram com bombas de gás lacrimogêneo. Apesar da tentativa, não houve invasão ao local.

A confusão começou depois que um carro de som anunciou que o Congresso Nacional, em Brasília, fora ocupado por manifestantes. A multidão no Rio, então, começou a gritar: "Ocupa, ocupa, ocupa a Alerj".

Durante a confusão, um carro e uma ambulância foram incendiados. Cinco policiais foram feridos no confronto, além de quatro manifestantes, que foram encaminhados para o Hospital Municipal Souza Aguiar – um deles atingido com um tiro de arma de fogo. Em nota, a PM informou que 150 policiais do 5ºBPM atuaram na segurança do evento.