Rodrigo Muxfeldt Gularte, executado nesta terça-feira (28) na Indonésia, foi o menino mais popular do Colégio Positivo de Curitiba em meados da década de 1980. Era bonito, boa praça, bem-humorado e sempre alegre. Atraía o olhar de todas as meninas, mas coube a uma só, Juliana Karam, o privilégio do primeiro beijo, do primeiro namoro. Aos 11 anos de idade, a dupla era chamada de “casalzinho 20 do colégio”.
Rodrigo morava num prédio no Bigorrilho, em Curitiba, e vivia com o seu skate na Praça da Ucrânia, logo em frente. Juliana morava a duas quadras. Além da escola, a praça também passou a ser um ponto de encontro. Eram tempos de uma infância feliz andando juntos de skate e bicicleta. Outro programa muito divertido para o casal era assistir a um filme em casa comendo pipoca.
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Aos 15 anos Juliana ficou fora por um mês num intercâmbio. Aos 16, ficou um ano em outro intercâmbio no Canadá. Ao retornar, não viu Rodrigo no colégio. Eventualmente eles se esbarravam em alguma festinha ou em algum lugar qualquer. Nessa época, as primeiras experiências com as drogas já faziam de Rodrigo um cara diferente. O habitual bom humor começava a dar lugar a novos comportamentos.
Juliana e Rodrigo perderam o contato. Casada, ela morava em São Paulo quando leu uma notícia em 2004 sobre a prisão de Rodrigo em Jacarta, na Indonésia, por tráfico de drogas. Juliana ficou triste mas sempre acreditou num milagre de última hora que o livrasse da execução por fuzilamento.
Essa esperança se desfez no início da tarde de terça-feira (28) com a notícia da execução de Rodrigo na Indonésia. Foi impossível para a jornalista Juliana Karam conter a miríade de imagens dos tempos de infância, quando por longos meses eles foram o “casalzinho 20 do colégio”. Juliana chorou ouvindo a notícia no rádio. “Esse é um momento triste pela escolha errada do Rodrigo, triste para a diplomacia e triste por causa da intolerância.”
E Juliana refletiu sobre o homem bom, alegre, divertido e carinhoso que Rodrigo poderia ter se tornado não fossem as drogas.