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Sem propostas, greve está longe do fim

O ponto final da manifestação de ontem foi a frente do Palácio Iguaçu. Lá dentro, nada de novidade. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
O ponto final da manifestação de ontem foi a frente do Palácio Iguaçu. Lá dentro, nada de novidade. (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

Apesar da multidão que nesta terça-feira (19) tomou as ruas de Curitiba – mais de 30 mil pessoas, segundo os sindicatos –, a greve dos servidores estaduais está longe do fim. Não há novas propostas. O governo do Paraná se recusa a reabrir as negociações enquanto os funcionários em greve não encerrarem a paralisação. O clima no Centro Cívico, porém, mostrou que o funcionalismo não está disposto a ceder. Ainda nessa terça-feira, após a marcha, os agentes penitenciários decidiram cruzar os braços, engrossando o coro de greve geral.

“O governo está em uma crise, mas escolheu um único setor – o funcionalismo público estadual – para pagar esta conta. Mas os servidores não vão aceitar arcar com todo esse peso. Não vamos abrir mão de direitos”, disse Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato. “Nós não vamos arredar pé”, resumiu Marlei Fernandes, diretora do Fórum das Entidades Sindicais (FES).

Os servidores reivindicam reajuste salarial de 8,17%, índice que corresponde à variação da inflação (pelo IPCA) nos últimos 12 meses. O governo, por sua vez, ofereceu reposição de 5%. E ponto final. Porém o projeto de lei que estabelece esse índice ainda não foi encaminhado à Assembleia Legislativa. Ainda que seja enviada, a propositura deve enfrentar grande resistência entre os deputados (leia mais nesta página).

“A maioria [dos parlamentares] entende que é necessário chegar aos 8,17% [de reajuste], mas o governo diz que não tem recursos. A saída para isso é o diálogo. O problema é que, enquanto isso, tem o ônus da greve”, avaliou Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), líder do governo na Assembleia. Deputados do PSC – da base do governo – chegaram a declarar que se negam a votar qualquer proposta inferior ao patamar defendido pelos servidores.

Apesar do estremecimento em sua base, o governo deu mostras de que optou pela estratégia de partir para uma queda-de-braço com os servidores. Na semana passada, quando considerou as negociações encerradas, chegou a anunciar que cortaria o ponto dos grevistas. Nessa terça-feira, a Casa Civil recebeu lideranças dos servidores, mas ressaltou que o encontro não era uma retomada das negociações.

“Este é o índice [5%] possível neste momento. O governo está fazendo um grande esforço para chegar neste percentual (...). Qualquer outra negociação pode ser retomada com o fim da greve, sem intransigências”, disse em nota o secretário-chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra.

Enquanto isso, os servidores da rede estadual de educação completam 52 dias parados, deixando quase um milhão de estudantes sem aula. Hoje, o comando de greve da categoria se reúne, mas os dirigentes falam apenas em manter a paralisação. As sete universidades estaduais também estão em greve. A partir de sábado, os agentes também param. Os servidores da saúde se mantêm em estado de greve.

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