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Onze dias depois do assassinato de quatro seguranças na região de São Joaquim do Monte, no agreste pernambucano, por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os acampados da Fazenda Jabuticaba deixaram nesta quarta-feira (4) a propriedade, sob a supervisão do ouvidor agrário nacional e presidente da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, Gercino Silva Filho. Os acampados relutaram em aceitar o acordo firmado ontem, estabelecendo que eles não poderem voltar ao local por nenhum motivo, inclusive para cuidar das lavouras cultivadas na fazenda, localizada a 137 quilômetros do Recife.

Foi preciso a intervenção da educadora e mulher do líder estadual Jaime Amorim, Rubineusa Souza, para convencer os sem-terra. "A situação não é tranquila, é conflituosa", disse ela aos acampados. "Se nos propusemos a sentar numa mesa de negociação é porque, na situação de hoje, é necessário fazer acordos." Diante do argumento dos acampados de que poderiam passar fome, sem a lavoura de feijão, milho e mandioca que começaram a plantar há cerca de um mês, o ouvidor se comprometeu a suprir os acampados com cem cestas básicas mensais. O comum é a entrega dos alimentos quatro vezes ao ano.

Com a saída dos sem-terra, que se transferiram para uma propriedade de um hectare pertencente a "uma companheira", a um quilômetro do acampamento, a medição da Jabuticaba pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) terá início na segunda-feira. Pelo acordo firmado na terça-feira (3) na sede do Ministério Público (MP) de Pernambuco, no Recife, se a área for maior que 525 hectares, ela será vistoriada com fins de reforma agrária. Se for menor, os sem-terra devem se comprometer a nunca mais ocupá-la (o que já fizeram nove vezes nos últimos cinco anos), pois a propriedade estaria fora do padrão para o programa de reforma agrária.

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