Em algumas escolas, os professores contratados pelo regime PSS representam mais de 50% do quadro de docentes. A ausência destes profissionais, que estava determinada até a tarde de ontem, inviabilizaria o atendimento aos alunos. Nos últimos dias, a indefinição sobre a validade do processo deixou diretores, professores e pais de estudantes preocupados, e desgastou a preparação das escolas para a volta às aulas.

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Na tarde de ontem, enquanto a Justiça ainda não havia cedido aos apelos da Secretaria de Estado da Educação (Seed), alguns diretores traçavam estratégias para a realização das aulas com o desfalque no quadro de professores.

Sem querer ser identificado, o diretor de uma escola com mais de mil alunos e 70 professores conta que pelo menos 30 docentes são oriundos do PSS e que 60% dos estudantes seriam prejudicados caso os professores não pudessem comandar as aulas. "O caos iria imperar. Quando faltam professores precisamos bolar atividades para manter os alunos, pois não podemos dispensá-los. É uma solução que está fora do nosso alcance. Nos esforçamos para planejar, ter um ano tranquilo e, por questões burocráticas, passamos por situações como esta", reclama.

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Outra preocupação dos diretores é referente ao entrosamento dos professores do PSS, pois, com a indefinição na validade do processo seletivo, muitos deixaram de participar das atividades de preparação ao ano letivo e chegarão hoje à sala de aula sem saber os procedimentos da escola e perspectivas para o ano. "É na semana pedagógica que se discutem as diretrizes curriculares, o projeto da escola, ainda mais com governo novo. Se o professor não participa, ele não terá voz e precisará ficar correndo atrás. Em alguns casos, ele não conhece nem mesmo a escola", avalia a diretora de outra instituição, que também não quer divulgar o nome.

Preocupação

Preocupado com o ano letivo de seus filhos, o economista João Ildefonso de Miranda, 47 anos, está apreensivo com o início do ano letivo. Até a noite de ontem, ele não sabia se os filhos Camila Luisa de Miranda, 12 anos, e Carlos Viní­cius de Miranda, 16 anos, teriam professores na sala de aula. "Fiquei revoltado com essa história toda. Já fui presidente de associação de pais e mestres e podemos perceber que essa questão se arrasta há longa data e que os maiores prejudicados são nossos filhos", diz.

João conta que entende a preocupação da APP-Sindicato em querer que professores bem-qualificados assumam, mas discorda da decisão anterior, que impedia professores selecionados de dar aulas. "Se o processo tiver de ser revisto, até que sejam feitas novas contratações, que esses mesmos professores fiquem dando aula para os alunos, para que eles não sejam prejudicados, e que o acordo seja feito o mais depressa possível. Hoje eles estão na sala de aula e estou mais tranquilo, mas até quando?", questiona.

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