A regional do Distrito Federal do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal-DF) atribuiu nesta terça-feira (1º) a piora das condições e remuneração dos servidores da autarquia à perda de poder da instituição. “O BC está sendo desmontado. Não só perdendo status de ministro, mas também toda sua autonomia, de poder de transformação da sociedade. Essa luta não é só pelo salário, é pela importância da nossa carreira”, disse a presidente do Sinal DF, Rita Girão.
A sindicalista fez essa avaliação durante paralisação de uma hora que ocorre nesta terça, assim como foi feito na segunda (31) também. Quarta-feira (2), dia de decisão sobre o rumo dos juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), está previsto o dia inteiro de greve.
Na sexta-feira passada, durante assembleia, foi acordada essa estratégia de paralisação. Servidores recusaram a proposta de fazer greve por tempo indeterminado. O BC não se manifesta sobre a paralisação.
Questionada sobre a contradição entre os funcionários pedirem aumentos salariais e inclusão de bônus em um momento em que o BC tem encontrado dificuldades de conter a alta da inflação, Rita argumentou que esse problema não é apenas da autarquia. “A inflação vem justamente pela falta de autonomia do Banco Central e o problema não é só do BC. Vários incentivos foram concedidos e isso volta como mais inflação”, alegou.
A sindicalista lembrou também que a instituição soube administrar a crise financeira internacional de 2008 e 2009. “Saímos de uma conjuntura internacional muito grave e essa crise agora tem muito menos impacto. O BC não pode receber todo o ônus da inflação”, afirmou. Entre os pedidos do Sinal estão equiparação salarial entre analistas e procuradores do BC, restabelecimento da proporção de 50% entre subsídio técnico e de analista e inclusão do “bônus de desempenho” na estrutura remuneratória.
“Estamos sabendo que, além de manter a distorção, carreiras como a dos procuradores, da AGU e a Receita Federal estão negociando bônus de produtividade, de arrecadação, de incumbência. É o momento de a gente falar para a imprensa, para a sociedade, que nós também somos importantes”, disse Rita para os trabalhadores que aderiram à paralisação.
Mágica
Para quarta-feira, o Sinal propôs um dia inteiro de atividades artísticas na frente da sede da instituição e oferecerá lanches ao longo do dia. Pela programação, haverá show musical por três horas na parte da manhã. À tarde, das 14h às 16h, está marcado show com a cantora Vanessa Porto. Das 16 às 18h, está previsto um show de mágica e, a partir das 18 horas, uma trupe de teatro vai caracterizar o desmonte da instituição, encenando o enterro do Banco Central.
“Dá um friozinho na barriga, a gente é muito tradicional e vamos revolucionar para termos um rendimento grande”, disse Rita ao microfone. “Vai estar cheio de imprensa aqui amanhã por causa do Copom e temos que fazer barulho.”